Dia de mobilização da CUT pressiona Congresso pela redução da jornada

A CUT realizou nesta terça-feira (18) um dia nacional de mobilizações e paralisações pela redução da jornada de trabalho. Atividades foram realizadas em diversos estados para pressionar o Congresso Nacional a votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95, que prevê a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários.

Às 5 horas da manhã, o presidente da CUT, Artur Henrique, iniciou a maratona de atos e manifestações, com uma assembleia no pátio da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), que reuniu perto de 6 mil trabalhadores.

Embora a categoria já tenha conquistado a jornada semanal de 40 horas, os trabalhadores participaram das mobilizações da central em solidariedade. “Mobilizações como a de hoje forçam, empurram outras empresas e setores e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores”, afirmou Artur.

Em defesa da jornada de 40 horas, Artur destacou que nos últimos 20 anos a produtividade da indústria acumulou ganhos superiores a 100%, enquanto a redução da jornada traria um aumento de custo inferior a 2% para as empresas.

40 horas para todos

Presidente da CUT-SP e trabalhador da Mercedes, Adi dos Santos Lima lembrou que os mensalistas da empresa conquistaram as 40 horas semanais em 1990 e os horistas em 1999. “Nosso lema aqui é 40 horas semanais, horas extras nunca mais”, diz.

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, explicou que jornadas desiguais no país emperram acordos coletivos nacionais que beneficiariam muito mais trabalhadores. “A maior concorrente da Mercedes no Brasil é a Volkswagen Caminhões, em Resende, no Rio. Lá os trabalhadores recebem um terço do salário daqui e a jornada é de 44 horas. Isso aprofunda os desequilíbrios regionais e pode ser usado pelos patrões como um fator de intimidação contra aqueles que conseguem condições mais justas e dignas de vida e de trabalho”, afirmou.

O bancário Vagner Freitas, ex-presidente da Contraf-CUT e secretário de Finanças da CUT Nacional, elogiou a organização dos metalúrgicos e criticou o Congresso. “Ainda há trabalhadores em busca de uma organização tão consistente quanto a dos metalúrgicos do ABC. O patronato brasileiro, que só quer explorar nossa classe, se aproveita disso. E esse Congresso Nacional conservador, que reflete o empresariado, emperra os avanços. Por isso, essa mobilização de hoje é tão significativa”, disse.

No mesmo sentido, o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Carlos Grana, condenou a falta de apoio dos parlamentares às bandeiras da classe trabalhadora. “Se dependermos só da maioria dos deputados, a redução da jornada não passaria. Por isso temos levado essa bandeira para as ruas, para forçar e pressionar a mesa diretora do Congresso a encaminhar o projeto para votação”, afirmou.

Mais tarde, durante ato dos trabalhadores da TRW, em Diadema, o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), garantiu que vai cobrar do Congresso a aprovação da PEC 231/95, do qual é relator. “Às vezes naquele Congresso parece que eles acham que a gente não representa ninguém. Os danados dos empresários e seus representantes só querem ganhar, ganhar, e se recusam a investir no que há de melhor em qualquer empresa: os trabalhadores e trabalhadoras”, refletiu.

Apoio parlamentar

No Ceará, o presidente da Assembleia Legislativa, Domingos Gomes de Aguiar Filho (PMDB), comprometeu-se a encaminhar para votação em plenário apoio do legislativo estadual à proposta de redução da jornada de trabalho. O anúncio foi feito durante ato da CUT-CE na Casa Legislativa.

Os trabalhadores do Rio Grande do Sul ocuparam desde as seis horas da manhã o saguão do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, para dialogar com os deputados gaúchos que embarcavam para Brasília. “Aqui podemos apresentar os nossos argumentos para que a PEC 231/95 entre na pauta do Congresso. A redução da jornada é fundamental para elevar a qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros e por isso o conjunto da classe trabalhadora está se mobilizando hoje”, declarou o presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski.

Os manifestantes encontraram os deputados federais Fernando Marroni (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Onyx Lorenzoni (DEM) e Renato Molling (PP), além de prefeitos de várias cidades gaúchas que passaram pelo saguão do Aeroporto na manhã desta terça.

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