Comando Nacional define cinco temas prioritários da Campanha 2013

Clemente Ganz Lúcio (à direita) apontou desafios da conjuntura

Em reunião realizada nesta sexta-feira 26 em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, definiu cinco grandes temas prioritários para a Campanha 2013: emprego, reestruturação do sistema financeiro, remuneração, condições de trabalho e estratégia de campanha, de negociação e de mobilização.

“São preocupantes as mudanças estruturais que estão acontecendo no sistema financeiro. Ao mesmo tempo, com o argumento de que a queda dos juros e do spread provocada pela política econômica do governo obriga os bancos a aumentarem a eficiência, estão intensificando o fechamento de postos de trabalho e a rotatividade para reduzir custos, além de elevarem a pressão e o assédio moral por cumprimento de metas, piorando as condições de trabalho”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

A Contraf-CUT vai elaborar um caderno com informações mais aprofundadas sobre os temas prioritários da Campanha Nacional 2013 definidos pelo Comando. A publicação servirá de subsídio para a discussão nas assembleias e conferências regionais que precederão a 15ª Conferência Nacional dos Bancários, marcada para o período de 19 a 21 de julho, em São Paulo, que definirá a pauta de reivindicações da campanha deste ano.

Na abertura da reunião, no auditório da Contraf-CUT, o coordenador técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, fez uma análise sobre a conjuntura política e econômica em que será desenvolvida a campanha deste ano. Segundo ele, o movimento sindical tem um grande desafio pela frente, que é mobilizar os trabalhadores visando manter a política desenvolvimentista geradora de emprego e renda, para fazer frente à ofensiva do mercado financeiro, que força o governo a mudar a agenda e pressiona o Banco Central a aumentar a taxa Selic.

Nesse sentido, o Comando Nacional decidiu continuar a luta pela redução das taxas de juros e orientar os sindicatos a aumentarem a mobilização dos trabalhadores na véspera das reuniões do Copom, com o objetivo de pressionar o Banco Central a reduzir a taxa Selic.

Foi definida também a construção da mídia nacional da campanha, a exemplo dos últimos anos. A Contraf-CUT realizará a primeira reunião na semana de 20 a 24 de maio, aberta à participação de sindicatos e federações.

Os temas da Campanha Nacional dos Bancários 2013 são os seguintes:

1. Emprego

O tema envolve a luta contra as demissões e por garantia de emprego, o fim da rotatividade e o combate à terceirização, o que inclui a adesão dos bancários na campanha da CUT e outras centrais sindicais contra o projeto de lei do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) que está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

“A categoria bancária está correndo um sério risco. Apoiado pelo patronato, o projeto está avançando rapidamente dentro do Congresso Nacional. Se for aprovado, permitirá aos bancos substituir até atividades-fim, como o atendimento aos clientes, por empresas terceirizadas”, adverte Carlos Cordeiro.

“Como se não bastasse, o parecer do deputado Arthur Maia (PMDB-BA) autoriza a terceirização em qualquer etapa do processo produtivo, seja do setor público (ferindo inclusive o princípio constitucional do concurso público), seja do setor privado, desde que apenas a empresa prestadora seja considerada especializada, exceto correspondentes bancários”, alerta o presidente da Contraf-CUT.

2. Reestruturação produtiva dos bancos

Esse segundo tema da Campanha Nacional 2013 trata das mudanças velozes que estão ocorrendo no sistema financeiro nacional, como a proliferação dos correspondentes bancários, bancos do futuro, novos modelos de gestão e a possibilidade da instituição de bancos pelas operadoras de telefonia.

3. Remuneração

Nesse tema geral estão incluídos o aumento real de salário, a valorização do piso salarial, melhorias na participação nos lucros e resultados e implantação de planos de cargos e salários, principalmente nos bancos privados que hoje não possuem.

4. Condições de trabalho

Em razão da política acertada da presidenta Dilma de pressionar o sistema financeiro a baixar as taxas de juros e o spread, os bancos estão aumentando a pressão sobre os bancários para melhorar o índice de eficiência e o atingimento de metas, intensificando o assédio moral e piorando as condições de trabalho.

Esse tema trata do combate às metas abusivas e ao assédio moral, da preservação da saúde dos trabalhadores e da segurança bancária.

5. Estratégia de campanha

Dentro desse tema prioritário, os bancários vão discutir o modelo de campanha nacional, de negociação e de mobilização – que vem sendo muito semelhante nos últimos anos. O Comando Nacional definiu que os quatro primeiros temas (emprego, remuneração, reestruturação produtiva e condições de trabalho) serão discutidos na Conferência em quatro grupos diferentes, mas que o eixo sobre estratégia de campanha fará parte do debate de todos os grupos.

O Comando também decidiu que o tema da igualdade de oportunidade e do combate às discriminações estará presente sob forma transversal na discussão de todos os outros temas.

Caixa Econômica Federal

Por falta de informações mais detalhadas sobre a proposta apresentada pela Caixa Econômica Federal para a carreira profissional (advogados, engenheiros, arquitetos e médicos), o Comando Nacional decidiu encaminhar o assunto para uma discussão mais aprofundada nos sindicatos. E vai se reunir novamente no próximo dia 9 de maio para tomar uma decisão sobre o tema e orientar o posicionamento dos sindicatos nas assembleias.

Banco do Brasil

O Comando Nacional orientou os sindicatos a intensificarem a mobilização do funcionalismo do Banco do Brasil, com o objetivo de garantir uma grande paralisação na greve de 24 horas, marcada para a próxima terça-feira 30 de abril, em protesto contra a implementação unilateral do plano de funções comissionadas e à política antissindical da direção do BB.

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