O Banco Popular da China, o banco central do país, surpreendeu na quinta-feira (7) o mercado ao anunciar um corte de 0,25 ponto percentual das taxas básicas de juros sobre empréstimos e depósitos do país, numa tentativa de estimular o crescimento da segunda maior economia do mundo e enfrentar as turbulências da crise europeia.
Foi a primeira redução da taxa desde novembro de 2008, no auge da crise financeira internacional. Motor do crescimento global na última década, a China deve crescer próximo de 8,2% neste ano, segundo estimativas de analistas do mercado, o menor ritmo do país asiático desde 1999.
No breve comunicado publicado na internet, o BC chinês informou que a medida entra em vigor a partir de hoje, quando a taxa básica dos empréstimos de um ano vai recuar de 6,56% para 6,31%. Esta é a principal taxa de juros do país.
– É claramente um forte sinal de que o governo quer impulsionar a economia, frente ao crescimento fraco, especialmente pelo lado da demanda – disse Qinwei Wang, economista da Capital Economics em Londres, à Reuters.
Corte vem após três altas dos juros no ano passado
Além do corte dos juros dos empréstimos, o BC chinês cortou as taxas para que remuneram os depósitos em bancos, a aplicação financeira mais popular da China. A redução foi na mesma proporção, de 0,25 ponto percentual, para 3,25%. A última mudança nessa taxa havia ocorrido em julho de 2011, quando a taxa de referência para um ano fora elevada em 0,25 ponto, para 6,56%.
– Isto é muito positivo para o apetite por risco e é um indicativo de que o Banco Popular da China está lá para apoiar a economia chinesa. Se algo me surpreendeu, é o fato de os movimentos até agora parecerem muito silenciosos – disse Michael Sneyd, estrategista do BNP Paribas.
Entre as medidas do breve comunicado, o Banco Popular da China também autorizou os bancos do país a alargar de 10% para 20% o desconto que podem oferecer sobre a taxa de juro de referência do país. A medida visa a acelerar a concessão de crédito no país. Segundo a agência Bloomberg News, os bancos locais poderão não atingir as metas de concessão de empréstimos pela primeira vez em sete anos.
Segundo analistas, as medidas do BC chinês surpreendem porque vêm depois de três aumentos das taxas de juros do país no ano passado, num processo chamado de “ajuste fino” por autoridades de Pequim. Era uma tentativa de tornar o crescimento do país mais sustentável e controlar a inflação, que chegou a acumular alta de 6,5% em base anual.
– (O corte dos juros) marcou uma mudança desse modelo de ajuste fino para uma política de afrouxamento monetário – disse Liu Liang, economista-chefe da ANZ para a China.
Em abril, o governo chinês informou que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) do país cresceu 8,1% no primeiro trimestre de 2012, ante mesmo período do ano anterior, a menor desde o segundo trimestre de 2009.