(Brasília) O salário mínimo está “em recuperação”, apesar de não ter alcançado a promessa de reajuste de 100% para o primeiro mandato do governo. A avaliação é da assessora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Lilian Arruda Marques. O salário passou de R$ 200, em 2002, para R$ 380, neste ano, um aumento real (acima da inflação medida pelo INPC) estimado de 32,1%.
“Não é o que foi prometido, mas foi um ganho muito significativo. Desde 1995, o salário mínimo praticamente dobrou”, disse a técnica, em entrevista à Agência Brasil.
Lilian Arruda Marques considera ainda um avanço a proposta de criação de uma política constante de reajuste do salário mínimo, em análise no Congresso Nacional. A proposta define que, a partir de 2008, o aumento será equivalente à inflação e à variação do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país. Essa proposta foi discutida entre as centrais sindicais e o governo.
“Se o desempenho da economia, da inflação, do emprego for muito bom, as centrais provavelmente voltarão a negociar um ganho real maior. Mas pelo menos um ganho real mínimo já está garantido”, enfatizou.
“Isso já é um avanço pensando na história do salário mínimo no Brasil, porque ele teve uma desvalorização muito grande ao longo dos anos. No começo dos anos 90, ele valia muito pouco se comparada a 1940, quando foi criado. Então, devagar está sendo recuperado o poder aquisitivo”, acrescentou Marques.
A técnica defendeu a política de recuperação do salário mínimo como um estímulo a economias locais. “Vem sendo demostrado que o salário mínimo tem um grande peso na distribuição de renda, no gasto das famílias de baixa renda”, disse. “As famílias gastam o salário onde residem, comprando remédio, alimentação, roupas. Isso dá uma nova dinâmica para a economia local. Tanto é assim que o consumo das famílias vem aumentado, mais do que o PIB.”
Fonte: Kelly Oliveira, Agência Brasil