Bancários denunciam práticas antissindicais que os bancos escondem

“Agora são 2h30 da madrugada de 30 de setembro de 2010. Estou pronta esperando o táxi que obrigatoriamente eu tenho que pegar a fim de chegar antes das 4h15 no trabalho… (há) pessoas cumprindo 10 horas, 12 horas e até 15 horas de trabalho! Simplesmente desumano.”

O relato é de uma bancária e foi encaminhado por e-mail ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. Chegou precisamente às 3h04 da madrugada. E é apenas uma das denúncias de contingenciamento que chegam diariamente ao Sindicato. Somente pelo e-mail [email protected] já são mais de 200 em apenas duas semanas. Uma média de 15 por dia. E outras tantas chegam diretamente para os dirigentes sindicais.

“Estamos sendo obrigados a entrar às 4h da madrugada. Eu tenho filho e não posso sair nesse horário de casa”, relatou um trabalhador.

O Sindicato já apresentou denúncia ao Ministério Público do Trabalho da 2ª Região contra este tipo de prática, que fere o direito à greve estabelecido na Constituição Federal. O documento pede que seja instaurado processo investigatório e que sejam tomadas as providências cabíveis.

Fora da lei – Não é apenas forçando os trabalhadores a entrar de madrugada que os banqueiros se armam contra a mobilização. Há também relatos de pressão e ameaças, inclusive via telefone e torpedos.

“O gestor ameaçou de descomissionamento o funcionário que fizer greve”, disse uma bancária. “O superintendente convocou reunião para coibir e amedrontar os funcionários que quisessem aderir à greve. Ele apresentou e mandou todos assinarem uma lista onde deslocava os funcionários para trabalhar em diversos locais de SP”, conta outro.

As histórias não param e são as mais diversas: “a gerência interceptou comunicado de assembleia geral para deflagração da greve e não deu ciência aos bancários”. Outro afirma que terá de se virar para trabalhar: “o gerente do setor está pedindo aos funcionários que acessem a internet de suas casas ou de onde estiverem para dar prosseguimento aos processos”.

E mais: “Recebemos um comunicado dos supervisores que os assistentes terão que resistir à greve, tendo de entrar nos prédios de atendimentos. Estamos sendo pressionados por nossos superiores”, conta outro.

Pelos ares

No Itaú Unibanco, os bancários sequer podem escolher entre entrar ou não nos locais de trabalho, já que são transportados pelos ares, de helicópteros, entre concentrações como CAT, CTO e Patriarca.

Para a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, essa é a real postura dos banqueiros frente a seus trabalhadores. “Eles tentam vender um mundo fantasioso para a sociedade, como se a vida do bancário fosse mil maravilhas. Mas a verdade quem conta são os bancários, em seus relatos desesperados, sonhando com uma vida digna e condições para que possam trabalhar decentemente.”

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