Financial Times
Patrick Jenkins
O novo principal executivo do HSBC está preparando uma reformulação radical do normalmente inabalável banco, para reduzir os custos e realocar capital, num esforço destinado a impulsionar a lucratividade, além de revitalizar sua medíocre divisão americana.
Stuart Gulliver, ex-diretor de banco de investimentos do HSBC, que assumiu a direção do grupo como um todo em janeiro, disse aos diretores associados que está determinado a reformar a cultura de um grupo que por vezes tem sido administrado como uma federação pouco coesa de feudos locais.
Gulliver vai apresentar seus planos num dia do investidor em Londres a 11 de maio, segundo pessoas bem informadas sobre a agenda. Numa quebra em relação à estrutura normal desse tipo de evento, ele vai apresentar os acionistas e analistas não apenas à sua alta equipe executiva, mas a outros 100 dirigentes de alto escalão do grupo.
O banco surpreendeu alguns acionistas em fevereiro, quando reduziu sua meta de lucros anterior a partir de um retorno de 15% a 19% sobre o patrimônio para a faixa dos 12% aos 15%. Segundo um dos dirigentes envolvidos na elaboração do novo plano estratégico de Gulliver, o objetivo é “prometer de menos e realizar de mais”. O HSBC preferiu não comentar.
Continua pouco claro qual será a profundidade dos cortes de custos de Gulliver. Um membro dos quadros do banco disse que um programa de 1 bilhão de libras esterlinas de corte já foi iniciado no Reino Unido, e que um esquema mais amplo, de vários bilhões de dólares, provavelmente será instaurado em âmbito mundial. O índice de 55% de custo sobre lucros é alto comparativamente ao dos seus pares.
Os investidores estarão especialmente interessados em escutar o que o novo principal executivo tem a dizer sobre o futuro foco estratégico do grupo. Segundo três pessoas envolvidas no processo, Gulliver pretende reconstruir a divisão americana, prejudicada por uma investida desastrosa na área de crédito ao consumidor, por meio do foco em empréstimos corporativos.
Eles acrescentaram que Stuart Gulliver poderá sinalizar uma alienação da divisão americana de cartões de crédito do HSBC, em grande medida herdada de sua aquisição do Household.
A divisão de crédito ao consumidor do Household foi derrubada pela crise financeira, onerando o banco com US$ 6 bilhões em prejuízos. A divisão de cartões de crédito, no entanto, foi mantida e é lucrativa atualmente.
Gulliver deverá arrolar outros mercados do mundo inteiro, que se têm revelado insuficientemente lucrativos, talvez antecipando a retirada do banco de alguns dos 87 mercados em que atua. Segundo recente análise publicada pela revista “The Economist”, 42% das divisões do HSBC geram menos que o custo do capital do próprio banco, de 11%; dessas, algumas divisões latino-americanas representam um grande entrave.
Uma pessoa próxima a Gulliver disse que ele poderá seguir o exemplo do novo principal executivo do Barclays, Bob Diamond, que disse em fevereiro que um terço do banco estava com desempenho abaixo da média e terá de ser fechado, vendido ou reformulado. No entanto, os executivos reconhecem que será difícil expandir-se rapidamente por meio de aquisições em mercados de grande potencial de crescimento.