Valor Econômico
Fernando Travaglini, de São Paulo
O Santander fechou parceria com a Sotheby’s International Realty para iniciar o financiamento de imóveis de alto padrão. Apesar de não ser um mercado muito desenvolvido no Brasil, já que os clientes de alta renda preferem o pagamento à vista, o banco acredita que poderá atingir o patamar de R$ 720 milhões nos próximos cinco anos.
“Este é um segmento de mercado que normalmente não opera crédito imobiliário. Os clientes tendem a financiar diretamente com o comprador ou fazer operações que não passam por um financiamento estruturado. É nesse nicho que a gente entende que existam oportunidades”, afirma Fabio Barbosa, presidente do Grupo Santander Brasil.
O banco aposta na diferenciação e está de olho na fidelização por períodos longos de clientes com renda suficientes para figurar no segmento de private banking. “Temos de ter sempre produtos diferenciados para todos os tipos de clientes”, completou.
A Sotheby’s International Realty, criada há mais de 200 anos como casa de leilão, atua no mercado imobiliário desde 1976 em mais de 45 países. No Brasil, opera há dois anos com dois escritórios em São Paulo.
“As linhas prefixadas têm atraído a atenção dos nossos clientes. Essas pessoas, como investidores, sabem o quanto vão pagar nos próximos anos e podem usar esse mesmo dinheiro para investir em outros segmentos ou na próprias empresas”, afirma Fabio Rossi, representante da Sotheby’s no país.
O Santander não irá criar uma linha específica para esse segmento, mas o banco extinguiu o limite interno do valor de financiamento máximo, que antes era de R$ 800 mil, explica José Roberto Machado, diretor executivo de Negócios Imobiliários do Grupo Santander Brasil.
Além disso, há um trabalho conjunto para tentar reduzir o tempo de aprovação de crédito. “O fato de haver um treinamento prévio da equipe, uma pré-avaliação dos imóveis, da documentação e do comprador, agiliza um pouco nosso processo interno de aprovação de crédito”, avalia o diretor do banco.
O Santander é hoje um dos líderes no segmento imobiliário. No ano passado, foram R$ 7,1 bilhões em negócios, com crescimento de 60% em comparação ao ano anterior. Para este ano, o objetivo é repetir o desempenho. “Gostaríamos de trabalhar com os mesmos números de 2008. Isso já estaria de bom tamanho. Mas, se o mercado crescer, vamos crescer também”, afirma Machado.
Já a Sotheby’s prepara a abertura de escritórios em Campo Grande, Natal e Rio de Janeiro, além de uma unidade voltada exclusivamente para o agribusiness. A expectativa da empresa é atingir o montante de R$ 1 bilhão por ano em venda de produtos nos próximos anos e inaugurar outros 10 escritórios no Brasil ainda em 2009.