A 85 km de São Paulo, Piracaia é uma pacata cidadezinha de 26 mil habitantes. No entorno do município, represas do Sistema Cantareira.
Ao redor das represas, antigas fazendas de gado e café deram lugar a chácaras e casas de campo; da classe média alta e de ricos da capital e de cidades vizinhas.
Na madrugada do sábado, 15, cenas de cinema, e de faroeste, em Piracaia. Com fuzis 556, 762, pistolas 380 e dinamite, cerca de 30 assaltantes fecharam entrada e saída da cidade.
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Em 25 minutos explodiram e roubaram caixas eletrônicos dos bancos do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco.
Em ação conjunta e cronometrada, ao mesmo tempo os assaltantes acuavam uma base da PM. Contra os PMs, e na cidade, dispararam mais de 80 tiros.
Esse foi o nono assalto a bancos da região no último ano e meio. Mas nenhum dos anteriores com tal grau de organização e poder de fogo.
Desta vez, feriram uma jovem e um homem que, assustados, tentaram furar o bloqueio.
Há um mês, o assalto foi a um banco em Bom Jesus dos Perdões. As vizinhas Joanópolis, Vargem, Pedra Bela, e também Amparo, já viveram assaltos a bancos e caixas eletrônicos.
Por um tempo sem banco, o prefeito de Joanópolis se viu obrigado a sacar dinheiro nos bancos de Piracaia. Esses que agora foram detonados.
Jornalista que chegava à cidade quando o assalto terminava, procurou a base da PM. Quase foi recebido a tiros por 3 policiais -PMs acuados e lívidos, e com razão.
No dia seguinte, perguntado sobre por que os bandidos não foram cercados na estrada depois do assalto, um dos PMs explicou:
– Com o arsenal que eles têm é impossível enfrentá-los.
O policial expôs mais um motivo, de maneira bastante objetiva: “Os bancos têm seguro. e eu não vou morrer pra defender dinheiro de banco”.
É evidente que policiais não podem enfrentar bandidos se não têm estrutura e armamento adequados. Mas essa é só a porção visível desse gravíssimo problema.
No Rio, Bahia, Alagoas, Maranhão. Brasil afora o cenário varia, mas as deficiências são iguais. Bandos e bandidos devem ser enfrentados com armas, é claro. Mas não apenas. E não com tão pouco.
No estado de São Paulo, uma das organizações criminosas, o PCC, atua e cresce há 20 anos. O que se tem já é uma organização em estágio pré-mafioso.
Aqui, ou em qualquer lugar do mundo, é preciso Inteligência Policial, sofisticada, moderna, para encarar o crime. Para se chegar aos Chefões é necessário rastrear o dinheiro e seus caminhos.
Nove assaltos a bancos numa mesma região, em um ano e meio, é confissão de fracasso. Não há como enfrentar organizações criminosas, assaltantes, bandos, fuzis e dinamite apenas com discursos vazios.