Valor Econômico
Paulo de Tarso Lyra
O ex-senador e candidato ao governo do Paraná em 2010, Osmar Dias (PDT), será vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil. O governo já formalizou o convite e ele foi aceito, segundo pessoas próximas ao pedetista. Osmar foi considerado um dos principais aliados na composição da chapa PT-PMDB-PDT para enfrentar o PSDB do atual governador Beto Richa. O Valor também apurou que o atual presidente da instituição, Aldemir Bendini, permanece no cargo.
A decisão do Planalto em indicar Osmar Dias – a oficialização da nomeação ainda está indefinida – cria um constrangimento com o PMDB. O partido, que não conseguiu todos os cargos que pleiteava na Caixa Econômica Federal, esperava indicar o ex-governador paranaense, Orlando Pessuti, para o cargo que será ocupado por Osmar Dias.
Fontes do governo alegam, contudo, que Osmar Dias tem mais intimidade com o cargo que exercerá. Sua avaliação como secretário de agricultura do Paraná o credenciaria para a vaga, na opinião de pessoas que transitam com liberdade no Palácio do Planalto. Além disso, Osmar Dias aceitou concorrer ao governo estadual, abrindo mão de uma reeleição tranquila para o Senado Federal.
O PMDB mobiliza-se, então, para encontrar um outro destino para Pessuti. O partido também considera que ele foi importante no processo sucessório paranaense, ao abrir mão do direito de concorrer ao governo local. Ele era vice do ex-governador Roberto Requião (PMDB), que desincompatibilizou-se para concorrer ao Senado. Ambos estão, inclusive, rompidos politicamente, pois o senador paranaense defendia que Pessuti deveria ser candidato.
No início do governo, o Palácio do Planalto ainda temia melindrar Requião ao indicar Pessuti para algum cargo no primeiro ou segundo escalão. Mas o senador votou contra o salário mínimo de R$ 545, o que lhe tira, nos critérios da presidente Dilma, qualquer possibilidade de reivindicação ou veto.
A exemplo de Osmar Dias, Pessuti também é visto como uma pessoa ligada ao agronegócio. Sem espaço no Banco do Brasil, uma alternativa – vista com simpatia pelo Planalto e pelo PMDB – seria a presidência da Conab, autarquia comandada pelo partido até abril do ano passado, quando Wagner Rossi foi convidado a assumir o Ministério da Agricultura no lugar de Reinhold Stephanes.
O único problema é que, com a mudança, a Conab passou a ser controlada pelo PTB – o atual presidente é Alexandre Magno Franco de Aguiar. O PMDB reclama que a postura do PTB oscila muito. O negociador escolhido pelo partido é o líder na Câmara, Jovair Arantes (GO). No início das conversas, Jovair sinalizou que concordava com a demanda do PMDB. Agora, endureceu o discurso e a tendência é que o PTB mantenha Alexandre Magno na presidência da autarquia.
Com isso, o PMDB prepara-se para remanejar novamente Pessuti. Uma solução mais caseira e que não é vista com maus olhos pelo partido é aceitar uma indicação dele para alguma diretoria de Itaipu. O ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR) chegou a pleitear a vaga, mas desistiu. Pessuti tem uma boa relação com o atual presidente de Itaipu, Jorge Samek, que será reconduzido ao cargo.
A expectativa é de que estas negociações sejam retomadas no fim de semana. Jovair, o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci e o vice-presidente, Michel Temer, tinham uma conversa marcada para terça-feira, mas a morte do ex-vice presidente José Alencar paralisou todas as negociações.
Além de Pessuti, o PMDB tem outros dois nomes não contemplados e que reclamam agilidade da cúpula partidária. O caso mais grave é do ex-governador da Paraíba, José Maranhão. Ele já foi cotado para a Caixa Econômica, para o Banco do Brasil e ainda não teve um destino definido pelo governo. Outro ‘esquecido’ pelo Planalto é o ex-prefeito de Goiânia, Íris Rezende, que candidatou-se para tentar derrotar o tucano Marconi Perillo, desafeto pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.