Cerca de 300 pessoas, segundo a organização, participaram nesta sexta (04) de uma manifestação contra Israel no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Com bandeiras palestinas, orações e faixas de protesto, os manifestantes fizeram um ato político pedindo o fim do bloqueio à Faixa de Gaza e condenando a operação do Exército israelense, que atacou um barco de bandeira turca que levava ajuda humanitária a Gaza. O protesto teve a participação de partidos políticos, movimentos sociais e centrais sindicais.
“É um repúdio contra a ação de Israel, que foi uma ação desleal contra pessoas que estavam tentando ajudar quem está com grandes problemas e grandes necessidades na Faixa de Gaza”, disse Magali Vaz, tecnóloga em radiologia médica e representante do Movimento Revolucionário de Ação Islâmica da Mesquita Brasil, presente ao ato.
Segundo Abdul Nasser El Rafei, presidente da União Nacional das Entidades Islâmicas (UNI), a manifestação de hoje foi um ato de solidariedade “a essa caravana de heróis, de várias religiões e nacionalidades, que são pessoas do bem e que viram que não é mais possível o povo de Gaza continuar sob aquele bloqueio desumano”.
El Rafei condenou o ataque de Israel ao navio. “O território não é deles [dos israelenses] e nem dos pais deles. O território é palestino. Eles [os israelenses] montaram o país deles sob os destroços dos palestinos. E todo o mundo confirma que os ativistas ainda estavam em águas internacionais. Eles [o Exército israelense] sequestraram os navios e levaram para Israel”.
Em entrevista por telefone à Agência Brasil, Ricardo Berkiensztat, vice-presidente executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), disse que o Brasil é um país democrático e todos têm o direito de manifestar suas ideias. Mas ressaltou que é preciso “tomar cuidado para não importar o conflito do Oriente Médio para o Brasil”.
“O conflito é lá, tem sua história lá, tem todo o seu envolvimento local. E temos de tomar cuidado de não trazer uma defesa exacerbada e tentar importar esse conflito para o Brasil, que é um país onde as comunidades, tanto árabes quanto judaicas, vivem de forma bem harmoniosa e tranquila”, afirmou.
Berkiensztat preferiu não tomar uma posição sobre os últimos acontecimentos, apesar de lamentar as mortes pela ação militar contra o barco dos ativistas. “Acho que é prematuro. Prefiro esperar as investigações. É muito complexo o que acontece lá. O contrabando de armas para a Faixa de Gaza é uma coisa absurda. Portanto, o Exército de Israel tem medo de que isso esteja se intensificando. Há uma diferenciação. As pessoas vão às ruas para dizer ‘morte aos judeus’ ou dizer que os judeus são assassinos. Mas eu sou judeu, pacifista, brasileiro e não tenho nada de assassino. E espero que a justiça sempre reine”.