O potencial de negócios nas classes populares fez o Santander dobrar sua previsão de crescimento da base de clientes dos empréstimos de baixo valor para este ano. Segundo o superintendente da área no banco, Jerônimo Ramos, a expectativa agora é de expansão de 20%, ante 10% no fim de 2009.
A concessão de crédito para pequenos empreendedores era uma política do ABN AMRO Real, comprado pelo Santander. Em agosto houve a integração dessas novas operações, quando foi feita a previsão menos otimista. “Mas a união dos bancos potencializou a área”, diz Ramos, que é oriundo do Real. “Poderemos emprestar mais.”
Ramos afirma que o Santander detém 18% do mercado de empréstimos de baixo valor. Fica atrás do Banco do Nordeste, que lidera com 65% do total. De acordo com ele, a área de pequenos financiamentos existia desde 2003 no antigo Real e atualmente tem 95 mil clientes, com uma carteira ativa de R$ 100 milhões, ou seja, o total que esses clientes possuem atualmente em financiamento com o banco.
Baixa inadimplência
Em 2009, o banco emprestou R$ 250 milhões em linhas de empréstimos de baixo valor. Esse número é maior que a carteira ativa pois parte é devolvida, em créditos quitados. O ticket médio é de R$ 1.700 e o prazo dos financiamentos gira entre quatro e cinco meses. A inadimplência, segundo o superintendente, é menor que a do mercado em geral, ou 3% da carteira.
Segundo Ramos, 98% dos empréstimos do Santander nessa área são concedidos para grupos, e não para indivíduos. São os chamados “grupos solidários”. Neles, são feitos financiamentos para três ou quatro empreendedores de uma vez. “Com isso, um zela pela saúde financeira do outro, o que gera comprometimento.” Do total de clientes, 65% são mulheres.
A operação de empréstimos de baixo valor, que começou em São Paulo, se expandiu para o Rio de Janeiro e entrou no Nordeste em 2005. Atualmente, diz Ramos, cerca de 80% dos negócios estão no Norte e no Nordeste do País.
Expansão
“Operamos em 12 estados e atendemos 400 municípios, por meio de 200 agentes de crédito”, diz. Cada agente atende, em média, 800 clientes. São 22 filiais. Para o segundo semestre, o objetivo é entrar em Minas Gerais.
O superintendente diz que poucos usuários de pequenos empréstimos são clientes do banco, e que a concessão desse tipo de financiamento contribuirá para que parte deles abra a primeira conta. “As microfinanças são um grande filão no Brasil. Quando segmentamos a população, descobrimos uma fatia gigantesca que não é atendida pelos bancos”, afirma.
Ele ressalta, entretanto, que os moldes de concessão desse tipo de financiamento são diferenciados. “Classificamos de crédito produtivo orientado, com uma forte pesquisa de base que visa a identificar as necessidades específicas de cada cliente.”
Depois, o agente de crédito acompanha, orienta e capacita o empreendedor, para que seus recursos sejam bem gastos. “O cliente não vai ao banco, o banco é que vai até ele. Identificamos os interessados, concedemos o crédito e fazemos acompanhamento de sua situação financeira duas vezes ao mês.”