O Estado de São Paulo
Fabio Graner e Renata Veríssimo
Com base na avaliação de que o crédito será uma ferramenta crucial para a sustentação do crescimento ante a crise econômica, o governo anunciou ontem novas linhas de financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil exclusivas para servidores públicos federais e um aumento de 25% na oferta de crédito consignado da Caixa para 2009. Somados, os anúncios vão colocar à disposição R$ 18 bilhões no mercado. As novas linhas de crédito imobiliário da Caixa e do Banco do Brasil somam R$ 8 bilhões – R$ 4 bilhões de cada banco.
Bernardo afirmou ser necessário “zelar” pelo crédito em meio a um ambiente internacional de recessão em economias importantes, como Estados Unidos e Japão. Ele afirmou que, de alguma forma, o Brasil será atingido e, por isso, é preciso construir uma âncora para que a economia sofra o menos possível, “para que a gente possa retomar na seqüência”. E essa âncora de sustentação seria o crédito. Ele lembrou que, de 2003 até este ano, o crédito passou de 22% do Produto Interno Bruto (PIB) para 36% do PIB e foi decisivo para fazer a economia crescer acima de 5% em 2007 e 2008.
Os financiamentos imobiliários terão taxas de 8,4% a 8,9% ao ano mais taxa referencial (TR), nas operações em que a poupança é a fonte de financiamento. Nesse caso, os empréstimos estão limitados a imóveis avaliados em até R$ 350 mil. Na parte do programa em que os recursos não são originados da poupança, a taxa de juros varia de 11% a 11,5% ao ano mais TR e os imóveis poderão ser de valor superior a R$ 350 mil.
Força de vontade
“Neste momento de crise, em que se discute a eficiência do Estado, essa discussão não passa só pelas medidas econômicas adotadas, mas também pela valorização do servidor público”, argumentou a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho. Segundo o presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, o convênio assinado demonstra força de vontade dos bancos para manter o bom momento da economia brasileira.
Também ontem, a Caixa anunciou que vai colocar R$ 10 bilhões em 2009 à disposição para operações de crédito consignado. O montante será 25% maior do que os R$ 8 bilhões previstos para este ano. Segundo informações do banco federal, será mantida a atual política de prazos e juros (até 60 meses com taxas de 0,90% a 2,35% ao mês), em vigor desde o primeiro semestre de 2008. De janeiro a outubro, a instituição emprestou R$ 6,2 bilhões nessa modalidade de financiamento. Segundo a Caixa, a idéia é ampliar o consignado ao setor privado, já que hoje a operação ainda é predominante para aposentados e pensionistas. Mas o banco não informou em quanto pretende elevar a participação.