(São Paulo) Bancários de mais cinco sindicatos do Nordeste decidiram paralisar as atividades hoje e se juntar aos colegas de Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia. Em assembléia realizada ontem, os trabalhadores da Paraíba, Piauí, Alagoas, Sergipe e Campina Grande (PB) decidiram cruzar os braços hoje.
No Piauí, o primeiro dia de greve em Teresina chegou a 100% de adesão nas agências. Todos os bancários cruzaram os braços. Por decisão da maioria dos bancários após assembléia geral realizada no início da noite de ontem, ficou decidido que o pagamento do funcionalismo público e aposentados não seria prejudicado, pelo menos no primeiro dia de paralisação. Quem se dirigiu aos bancos na manhã de hoje teve quer recorrer apenas aos caixas de auto-atendimento e correspondentes bancários. No interior do Estado, mais de 30% das agências estão com suas atividades paradas, mas a expectativa da direção do Sindicato é de que a adesão ganhe força nas próximas horas. Para De Assis Araújo, presidenta do Sindicato, "temos que organizar, cada vez mais a categoria, para que possa expressar sua insatisfação".
Em Alagoas, as agências do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste se encontram com as portas fechadas na manhã desta terça-feira. Em assembléia realizada ontem à noite, os bancários do Estado decidiram antecipar a greve. A paralisação começou pelos bancos públicos e pode ser ampliada para os bancos privados, caso não haja avanço nas negociações de hoje com a Fenaban. O primeiro sucesso da greve em Alagoas está sendo a paralisação de 100% no prédio central do Banco do Brasil, onde funciona a superintendência. O predião, como é conhecido, está totalmente lacrado, e pela primeira vez não há qualquer bancário no seu interior. Na maioria das agências do BB, Caixa e BNB – capital e interior – a adesão à greve tem sido espontânea.
Na assembléia realizada ontem, os bancários de Sergipe também decidiram parar. No Banco do Brasil, a paralisação é parcial em todo o estado. As agências do Banco do Nordeste estão fechadas na capital e nos municípios de Laranjeiras, Estância, Boquim, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora da Glória. A greve tem grande adesão dos funcionários da Caixa Econômica na capital, Aracaju, e na maioria dos municípios sergipanos. A greve atinge também os bancos privados, como Itaú, Unibanco e Real. “Queremos uma contraproposta mais séria, que corresponda à dedicação dos funcionários e aos lucros obtidos pelos bancos no primeiro semestre deste ano”, reivindica Marcelo Vieira, secretário de Imprensa e Comunicação do Sindicato.
Na Paraíba, os bancários decidiram suspender as atividades em todas as agências. O auto-atendimento está liberado para pagamento dos aposentados e pensionistas e do funcionalismo público. "Durante todo dia, vamos realizar piquetes nas principais agências de João Pessoa para explicar a população os motivos da nossa greve e que a gente não quer prejudicar ninguém", esclarece Marcelo Alves, diretor de comunicação do Sindicato.
No interior paraibano, os bancários de Campina Grande estão parando todos os bancos. Esta é a resposta à intransigência dos banqueiros, que insistem numa proposta rebaixada para a categoria.
Violência em Pernambuco
Os bancários de Pernambuco estão sendo vítimas de violência policial orquestrada pelos bancos. Por volta das 10 horas, na agência do Banco Real da Conde da Boa Visa, ao lado do bar Mustang, a Polícia Militar chegou com a sirene ligada e apontando armas para os grevistas para forçar a abertura da agência. Segundo o Comando de Greve, houve problemas também na agência da Caixa Econômica Federal, na mesma avenida, onde a polícia também intimidou três bancárias que realizavam o atendimento especial aos aposentados e pensionistas.
Por orientação do Sindicato, o auto-atendimento das agências bancárias está sendo liberado para que aposentados e pensionistas saquem suas pensões, inclusive nos bancos privados, onde o direito de greve vem sendo, sistematicamente, cerceado pela ação dos interditos proibitórios. Os PMs forçaram a liberação para a população de modo geral. Diretores do Sindicato protestaram contra a atitude truculenta, uma vez que ali se encontravam trabalhadores exercendo seu legítimo direito de greve. Ouviram como resposta que "a polícia trabalha com armas nas mãos".
Não houve violência física, entretanto. A polícia se retirou quando começou a ser fotografada pela equipe da Assessoria de Comunicação do Sindicato. Mas voltou em seguida, e o próprio comandante da equipe confirmou, em entrevista à TV Clube, que desceu com a arma na mão por se tratar de seu instrumento de trabalho.
Mais tarde, por volta das 11 horas, foi a vez dos oficiais de Justiça se valerem do interdito para se darem ao direito de arrancar e rasgar os cartazes de greve pregados na porta da agência. O banco continuou fechado, entretanto, com apenas o auto-atendimento funcionando.
A greve segue forte nos bancos públicos, tanto na capital como no interior.
Salvador
Em Salvador, mais de 70% das agências do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal continuam fechadas. Ontem, permaneceram sem funcionar as unidades das regiões do Comércio, Avenida Sete de Setembro, Paralela, Avenida Tancredo Neves, Iguatemi, Pituba, Calçada, Itapuã, Cidadela, Vasco da Gama, Rio Vermelho, Itaigara, Barra, Graça e Pelourinho.
No interior do Estado e Região Metropolitana de Salvador, a categoria também está em greve. Estão paralisadas agências do Banco do Brasil nos municípios de Boa Vista do Tupi, Utinga, Catu, Vera Cruz, Conde, Camaçari, Iaçu, Pojuca, Rio Real, Ubaíra, Simões Filho e Paulo Afonso. Na cidade de Barreiras, as três agências do Banco do Brasil e uma da Caixa estão fechadas. Em Baianópolis e Luís Eduardo Magalhães, os bancários também prosseguem com a greve no BB e na Caixa, respectivamente.
Fonte: Contraf-CUT, com informações dos sindicatos