Brasil participa de projeto internacional para integrar trabalhador

(São Paulo) Sindicalistas do Brasil participaram na semana passada das discussões do “Projeto de Fortalecimento e Integração das Organizações de Trabalhadores e da Sociedade Civil na Região Latinoamericana”. Realizada no dia 6, em Lima, no Peru, a reunião foi promovida pela Organização Regional Interamericana de Trabalhadores – Confederação Sindical Internacional (Orit-CSI). De acordo com Carlos Ruiz, coordenador do Projeto de Integração, o objetivo é contribuir na defesa e na promoção dos direitos, conquistas e bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras da América Latina e Caribe, levando em conta os diversos processos de integração regional e a globalização.

 

Durante o encontro, a diretora da Contraf-CUT e presidenta do Inspir (Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial), Neide Fonseca, apresentou a experiência dos sindicatos no Brasil na questão racial e étnica na implementação das políticas públicas. “Fizemos um resumo da nossa história desde 1968, quando realizamos a primeira reunião de sindicalistas negros e negras das mais diversas categorias, passando pela denuncia de descumprimento da Convenção 111 da OIT, até o momento atual onde um governo democrático e popular vêm tomando algumas iniciativas interessantes em termos de políticas públicas”, explicou.

 

Neide – que participou do evento representando o Brasil junto com Maria Aparecida Antero, diretora da Fetec-SP – diz que o mais importante da reunião foi a profunda reflexão sobre como se tem dado os TLCs e de como o racismo, a xenofobia e o sexismo aprofundam as desigualdades, além do papel dos sindicatos diante de tal realidade. “Não quisemos afirmar com nossa apresentação que somos o melhor exemplo a ser seguido, cada país encontrará seu próprio modo de atuar”, ponderou.

 

Durante a apresentação, Neide ressaltou aos colegas latinoamericanos que os sindicatos podem adotar duas posturas na defesa e promoção de diretos. A primeira é simplesmente se opor às medidas integracionistas, embora elas sejam implantadas do mesmo modo. A segunda ação é adotar como meta o plano estratégico da resolução do Congresso da ORIT, em abril de 2005, que diz: “O sindicalismo apóia um processo de integração social e econômica desde que reúna uma série de condições básicas e com participação de sindicatos e centrais mais representativas”.

 

“Entretanto, seja qual das duas alternativas se adotar, o movimento sindical não pode se furtar em defender que os Direitos Humanos Fundamentais dos trabalhadores e trabalhadoras sejam garantidos primeiro em nossos países de origem. E caso ocorra algum processo de integração, que sejam mantidas essas garantias para os empregados imigrantes ou ainda que se adote a legislação mais favorável aos trabalhadores”, ressaltou Neide.

 

Apesar de muitos acreditarem que a União Européia apresenta um discurso mais aberto incluindo temas sociais, a prática é diferente como noticiou o Jornal Herald Tribune, em 18 de outubro de 2005: “Na Europa igualitária, pobres e imigrantes vivem em cortiços. E tais condições representam um fracasso coletivo das sociedades européias quanto a lidar com vários aspectos da globalização”. Um relatório do presidente da Comissão Britânica pela Igualdade Racial, Trevor Phillips, alerta que a Europa caminha para se tornar uma sociedade de guetos, reacendendo o debate sobre a melhor integração de imigrantes.

 

“Outro ângulo, para se refletir sobre a questão da integração em relação ao mundo do trabalho, é sobre os trabalhadores e trabalhadoras que permanecem em seu país de origem. A Comissão Econômica para América Latina e Caribe avalia que há entre 33 e 40 milhões de indígenas na região (8% da população), e que os afrodescendentes são em torno de 150 milhões (30% da população). Portanto, antes de se ter como objetivo uma integração com democracia, crescimento econômico, necessitamos resolver um dos nossos maiores problemas, que é a disparidade socioeconômica entre indígenas e negros em relação aos brancos. Essa disparidade não se dá apenas por um processo histórico de colonização e escravização, ou por uma questão de classe, mas se deve a um processo ativo e presente de discriminação racial, étnica e de gênero”, concluiu Neide.

 

Fonte: Contraf-CUT

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