A 13ª Conferência Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RS, realizada no sábado e domingo, dias 18 e 19, em Porto Alegre, aprovou um conjunto de propostas que serão levadas pelos delegados eleitos para a 13ª Conferência Nacional dos Bancários, a ser realizada nos dias 29, 30 e 31 de julho, em São Paulo. Mais de 600 trabalhadores de bancos públicos e privados participaram dos debates.
A coordenação dos trabalhos da plenária deliberativa da 13ª Conferência foi integrada pela diretora do Sindicato dos Bancários de Caxias do Sul, Vaine Andreguete, e pelos diretores da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha e Jorge Vieira.
No início da plenária, o secretário de imprensa da Contraf/CUT, Ademir Wiederkehr, apresentou o caderno de subsídios para conferências regionais. Ele destacou a importância de um emprego decente, dentro da estratégia da CUT de priorizar a luta pelo trabalho decente no Brasil, o que significa um emprego estável, um emprego seguro, um emprego saudável, com remuneração digna e aposentadoria justa.
Ademir também focou os quatro grandes temas, salientando a luta pelo aumento real, o piso do Dieese, o enfrentamento à precarização do trabalho devido à terceirização, o combate ao assédio moral e à violência organizacional; o fim das metas abusivas; a necessidade de um modelo de gestão humana nos bancos para evitar o adoecimento dos trabalhadores; o combate ao descaso dos bancos quanto à segurança e a importância da regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal, uma vez que hoje o Banco Central cria uma série de resoluções que flexibilizam regras sobre o atendimento bancário na lógica de reduzir custos e aumentar os lucros dos banqueiros, trazendo precarização e ameaçando o futuro da categoria bancária.
Os participantes aprovaram os texto da Contraf-CUT sobre emprego e remuneração, e segurança bancária com destaques para reforçar a importância da inserção da discussão sobre igualdade de remuneração e oportunidades para mulheres, negros e pessoas com deficiência dentro dos bancos.
Sistema Financeiro Nacional
A plenária também discutiu a necessidade de regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal, que trata do Sistema Financeiro Nacional. Foi aprovada por unanimidade uma resolução que repudia a bancarização sem bancários e defende a universalização dos serviços bancários com qualidade de atendimento e segurança para todos os cidadãos brasileiros.
Saúde e condições de trabalho
Também foi aprovada uma resolução que prevê a retomada das negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban sobre a cláusula de Prevenção de Conflitos no Ambiente de Trabalho, a fim de rediscutir a abordagem e garantir avanços no enfrentamento à violência organizacional e ao assédio moral nos bancos.
Estratégia de Campanha
Os bancários destacaram que a estratégia de campanha é fundamental para a construção da mobilização nacional, viabilizando as grandes greves. Graças a esta mobilização foi possível avançar nos pisos, na recuperação do poder de compra dos salários e nas cláusulas sociais.
Na avaliação dos trabalhadores, a estratégia contribui para a construção da imagem unificada da campanha e do conjunto dos bancários. Também há uma preocupação de não retrair a grande disposição de luta presente nos bancos públicos, incluindo o Banrisul, que nos últimos anos retomou seu papel de vanguarda no movimento.
Foi aprovada por unanimidade a manutenção da estratégia de mesa unificada de negociação com a Fenaban e de mesas específicas concomitantes com os bancos públicos, como Caixa, Banco do Brasil e Banrisul.
Índice de reajuste
O índice aprovado por maioria em plenário para a Campanha 2011 foi de 20%. A justificativa deste percentual está baseada na necessidade de motivação da categoria, incentivo à mobilização e nas perspectivas do aumento da rentabilidade dos bancos, que será em torno de 37%. A proposta será encaminhada à Conferência Nacional, juntamente com as demais reivindicações aprovadas durante o evento.
Delegações
No fim da plenária deliberativa foram definidas as delegações que irão representar os bancários gaúchos na 13ª Conferência Nacional e nos congressos nacionais dos funcionários do do do BB edo Banco do Brasil e de Empregados da Caixa.
Precarização do trabalho
Após a abertura da 13ª Conferência Estadual, que contou com a participação de dirigentes da Fetrafi-RS, Contraf-CUT, Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e CUT-RS, o técnico do Dieese da Subseção da Contraf-CUT, Miguel Huertas, fez uma exposição no painel Regulamentação do Sistema Financeiro e Resoluções nº 3954 e 3959 do Banco Central e Terceirização no Setor Bancário.
Com o tema “Correspondentes bancários e precarização do trabalho”, o painelista mostrou as motivações do BC e dos bancos para contratação de correspondentes bancários ao invés de ampliarem o número de agências. Segundo ele, “o BC visa aperfeiçoar e consolidar modelo ‘eficiente’ de bancarização/inclusão financeira. Já os bancos querem expandir esse processo com diminuição de custos, além de evitar pleitos trabalhistas e, também, promover expansão do crédito. A ideia é que com esse modelo o poder dos bancos aumente ainda mais.”
Também participou do painel o coordenador-técnico do escritório do Dieese no RS, economista Ricardo Franzói. Ele fez uma apresentação sobre a conjuntura econômica estadual e nacional, salientando que, apesar da continuidade do crescimento da economia no Estado e no País, os números deste ano não repitirão o desempenho excepcional de 2010.
Encontros por bancos
Durante a 13ª Conferência Estadual, também foram realizados os congressos estaduais dos funcionários do Banco do Brasil e dos empregados da Caixa Econômica Federal, além de uma reunião dos banrisulenses e um encontro dos funcionários de bancos privados.