A compra do Bamerindus pelo BTG Pactual, acertada na quarta-feira (30) por R$ 418 milhões, não beneficiará os acionistas minoritários do banco, que em 2011 fecharam um acordo com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para venda de suas ações. Na época, o FGC pagou R$ 7,74 por ação do Bamerindus e R$ 5,52 por papel da Bamerindus Participações e Empreendimentos (BPE), holding controladora do grupo.
O acordo envolveu cerca de R$ 50 milhões e cerca de 2 mil acionistas, segundo o vice-presidente da Associação dos Acionistas Minoritários, Jair Capristo. “Justamente porque essas ações voltaram para o banco é que o FGC conseguiu fazer a operação de venda agora. Com os acionistas minoritários, a história do Bamerindus se encerrou com a venda em 2011”, diz.
A transação dará ao BTG o controle acionário do Bamerindus e suas subsidiárias, uma participação societária superior a 98% do seu capital social total e votante, e os direitos creditórios e ativos detidos pela instituição. A operação vai por fim a 15 anos de liquidação extrajudicial da instituição financeira. Cerca de dez bancos avaliaram a parte “podre” do Bamerindus, mas passivos ocultos, como multas do Tesouro Nacional, teriam afugentado a concorrência.
Para o BTG, o maior atrativo do banco, que sofreu intervenção do Banco Central em 1997, são seus créditos tributários, estimados em R$ 1 bilhão. Naquela ocasião, o banco foi dividido em dois. A parte saudável foi comprada pelo HSBC, por R$ 1, que também ficou com a marca Bamerindus. A parte podre, que conta também com uma carteira de recebíveis, estava com FGC.
Com o encerramento de algumas ações judiciais com credores do banco, FGC pagou, no ano passado, uma parte que os antigos acionistas tinham direito. O pagamento da outra parte, que deve beneficiar o ex-controlador do banco, José Eduardo de Andrade Vieira, estava condicionada à venda, que ocorreu nesse semana. A venda para o BTG vai permitir o pagamento de 100% dos credores do banco.
Procurado pela reportagem, o FGC não se pronunciou sobre o assunto.