Os bancários realizaram manifestações nesta quarta-feira (23) em Maceió para protestar contra as demissões e a rotatividade de mão de obra no Itaú. O movimento, que ocorreu simultaneamente em todo o país, também pediu o fim do assédio moral, das metas abusivas e da sobrecarga de trabalho, que vêm adoecendo um número expressivo de empregados.
“Foi um Dia Nacional de Luta em defesa do emprego e contra as condições precárias de saúde, segurança e trabalho”, afirma Regileno de Souza, diretor do Sindicato dos Bancários de Alagoas. Segundo ele, o Itaú Unibanco reduziu o seu quadro de pessoal em 7,4% nos últimos doze meses, além de trocar funcionários antigos por novos para pagar menores salários. “Os números são do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) e demonstram a política de arrocho e fechamento de postos de trabalho”, acrescentou.
O Itaú Unibanco lucrou R$ 3,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, e grande parte do resultado se deu em virtude da pressão exercida sobre os empregados, que têm de vender cada vez mais produtos, abrir o máximo de contas e realizar um número incalculável de operações, todas estabelecidas em metas. Quem não cumpre é pressionado, ameaçado e assediado moralmente, o que leva muitos bancários a adoecerem e entrar de licença médica.
Levantamento feito pelo Sindicato aponta que 20% dos funcionários do Itaú Unibanco estão doentes em Alagoas. Nos últimos seis meses, 23 entraram de licença médica, sendo que 17 permanecem afastados.
Os afastamentos são por doenças como a LER (Lesões por Esforços Repetitivos), estresse, hérnia de disco e, principalmente, síndrome do pânico, que se trata de um distúrbio psicológico. Alguns funcionários que voltaram a trabalhar tiveram que se afastar novamente, enquanto outros foram demitidos logo após o retorno.
“As demissões são totalmente ilegais. O banco não pode dispensar quem retorna de licença médica acidentária”, enfatiza Regileno de Souza. O departamento jurídico do Sindicato já está acionando o Itaú Unibanco na Justiça para que os demitidos sejam reintegrados ao trabalho e/ou indenizados por danos materiais e morais.
Nas manifestações desta quarta-feira, o Sindicato distribuiu um jornal aos clientes do banco e à população, no qual denuncia as práticas anti-trabalhistas. Outro aspecto destacado nas denúncias é a falta de investimento, por parte do Itaú, na segurança das agências e postos de atendimento. Segundo dados do Dieese, o Itaú gastou R$ 482 milhões com despesas de segurança e vigilância em 2011, o que representa somente 3,3% em relação ao lucro de R$ 14,6 bilhões.
“Na reforma das agências, o Itaú Unibanco retirou a porta giratória com detectores de metais em cidades que não possuem lei municipal obrigando a instalação desse equipamento de segurança. Isso aumenta o risco à vida das pessoas e torna vulneráveis os estabelecimentos do banco, além de facilitar a ação dos bandidos”, denuncia o jornal do Sindicato.