A Central Única dos Trabalhadores (CUT) questionou na quinta-feira 20 a composição do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e sugeriu a inclusão de representantes de diversos segmentos sociais no órgão. A proposta foi apresentada pelo ex-bancário do Banco do Brasil e diretor executivo da CUT, professor Adeilson Telles (foto ao lado).
Composto por membros da diretoria colegiada do Banco Central com objetivo de estabelecer a taxa básica de juros e contribuir para o combate da inflação, a instituição poderia receber contribuições da sociedade, sugeriu Telles, ao defender a ampliação da participação social nas decisões de governos.
“O Copom que decide todos os meses a taxa de juros que influencia toda a nossa vida, todos os setores da economia. Por que uma dúzia de iluminados, dos quais eu sei que a maioria de nós não sabe nem o nome, decidem a taxa de juros?”, questionou Adeilson, durante debate no Fórum Nacional, evento do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio de Janeiro.
“Por que não criar espaços para representação do setor produtivo da sociedade, dos empresários, dos trabalhadores, da sociedade civil organizada? Por que há de ser um debate do tipo papal, no qual (o Copom) se reúne e ninguém sabe qual o debate, qual avaliação foi feita?”, completa.
A realização de conferências nacionais e a criação de conselhos com a participação da sociedade foram destacadas por Telles como importantes espaços de contribuição social para as políticas públicas, nos últimos anos. O diretor lembrou, no entanto, que estes mecanismos não foram “institucionalizados pelo Estado”.
“A participação do cidadão não pode ser sazonal, de dois em dois anos. O cidadão tem que participar plenamente da vida do país. Por isso, consideramos que foi um avanço a instituição de mecanismos de participação cidadã, mas esses espaços ainda estão limitados”, criticou.
A ampliação de mecanismos de participação com a institucionalização das conferências nacionais é uma das três diretrizes da Jornada de Desenvolvimento, uma plataforma da CUT para o desenvolvimento do país.
Com 60 páginas, o documento inclui também a valorização do trabalho e a consolidação da “igualdade, distribuição de renda e inclusão social”, por meio de sugestões nas áreas de educação, emprego, comunicação, infraestutura urbana, mobilidade e desenvolvimento regional.