Na próxima semana, Cochabamba, na Bolívia se transformará no centro das discussões sobre mudança climática. Cerca de 11.500 pessoas de várias partes do mundo lá se reunirão, entre os dias 19 e 22, para participar da Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra. Já na tarde de segunda-feira (19), indígenas de diversas regiões realizarão uma Assembleia frente à Mudança Climática e pelo Bom Viver.
Entre as sugestões da Conferência estão a criação de um Tribunal de Justiça Climático – para julgar os países que descumprirem o Protocolo de Kyoto – e a realização de um referendo mundial sobre as estratégias de defesa da Mãe Terra.
Além disso, 17 grupos de trabalho realizarão propostas sobre temas como: harmonia com a natureza, direitos da Mãe Terra, povos indígenas, dívida climática, perigos do mercado de carbono, e agricultura e soberania alimentar.
A Conferência acontece num momento muito especial. Se os governos poderosos se negaram a dar sua contribuição durante a 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas, ocorrida em Copenhague, a resposta, agora está vindo, da base, de povos de todos os continentes que participarão ativamente com centenas de atividades durante estes quatro dias de encontro.
Convocada pelo presidente boliviano Evo Morales, o evento leva em consideração a conjunção de forças para reverter o quadro de mudança climática no Planeta, que afetará, sobretudo, as populações mais pobres, “destruindo seus lares, suas fontes de sobrevivência”.
Essas pessoas, alerta a convocatória, serão obrigadas a migrar de seus locais de origem, enquanto os responsáveis pelos mais altos níveis de emissões de gases estão nos países ricos e industrializados. Segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e da Organização Internacional paras as Migrações, caso nenhuma atitude concreta seja tomada, a estimativa é que em 2050, pelo menos, 1 bilhão de pessoas poderiam ser obrigadas a migrar.
Criado para definir acordos e metas sobre a redução de emissão de gases de efeito estufa, o protocolo de Kyoto é um dos pontos centrais da Conferência. Com o fracasso da COP 15, a proposta é levar em conta novos compromissos para o protocolo. Estes compromissos englobarão, além da redução de emissões de gases, a dívida climática, transferência tecnológica, adaptação, entre outros.
Assembleia de Indígenas
Os indígenas são um dos principais povos mais afetados pela mudança do clima promovido pela sociedade industrializada. Para discutir sobre essa situação, na tarde da próxima segunda-feira, haverá, na Universidad del Valle, em Cochabamba, uma Assembleia dos Povos Indígenas frente à Mudança Climática e pelo Bom Viver.
“O aquecimento global é consequência das ações humanas que romperam a relação de harmonia com a Mãe Terra. O mal-estar da Mãe Terra é consequência das práticas ocidentais que romperam com o Bom Viver dos povos indígenas que, por séculos, mantêm uma relação de reciprocidade com a natureza, porque ela dá vida. O futuro do planeta depende da sabedoria ancestral dos povos indígenas que se sintetiza na proposta do Bom Viver”, apresenta a convocatória.
Na ocasião, indígenas de diversas regiões trocarão experiências e indicarão estratégias ante a crise climática. Tais propostas, de acordo com comunicado da convocatória assinado pela Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), serão colocadas em uma Declaração dos Povos e Nacionalidades Indígenas do Abya Yala, a qual será apresentada na Conferência dos Povos, em Cochabamba, e na COP16, que será realizada em novembro, no México.
A Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra acontece de segunda a quinta-feira da próxima semana em Cochabamba, Bolívia. Para ampliar a participação da sociedade mundial, a Conferência será transmitida ao vivo pela internet.
Mais informações em: http://cmpcc.org/