Valor Econômico
Assis Moreira
Os bancos internacionais aumentaram em 31% sua exposição no Brasil em 2010, totalizando US$ 507,1 bilhões, dos quais mais da metade são créditos em moeda local concedidos por suas subsidiárias. O Brasil foi o emergente que recebeu mais crédito externo depois da China.
Por sua vez, a exposição dos bancos brasileiros no exterior cresceu 45,8% até dezembro, somando US$ 78,9 bilhões, sendo metade nos mercados desenvolvidos e 22% em centros offshore. Os dados são do Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, que publicou ontem seu relatório trimestral sobre a atividade bancária global.
O BIS constata que os bancos reduziram em US$ 423 bilhões seus empréstimos internacionais no ultimo trimestre de 2010, numa queda de 1,4%, depois de alta de 2,3% no trimestre anterior (US$ 625 bilhões). A baixa atingiu essencialmente a zona do euro, com as instituições financeiras recuando diante da crise da dívida soberana.
Em contrapartida, os financiamentos foram mais robustos para países em desenvolvimento, com US$ 91 bilhões a mais, e para centros offshore com US$ 81 bilhões. Os créditos para os emergentes cresceram 3%, mas em menor ritmo do que no trimestre anterior. A queda geral nos financiamentos foi sobretudo na moeda do euro e bem menos em dólar dos EUA.
O crédito bancário internacional para o Brasil continuou aumentando entre outubro e dezembro, mas num ritmo menor. Os bancos forneceram US$ 7,586 bilhões no período ao país, comparado a US$ 25,4 bilhões do trimestre anterior. Mas, no ano, o país recebeu US$ 75,9 bilhões, comparado a apenas US$ 7,517 bilhões de 2009. A China obteve US$ 153,1 bilhões e a Índia US$ 49,8 bilhões.
O Brasil foi o destino de dois terços dos empréstimos bancários internacionais para a América Latina e Caribe. Da exposição total de US$ 507,1 bilhões dos bancos estrangeiros no Brasil, a maior fatia é dos bancos espanhóis, com US$ 180,8 bilhões Os bancos dos EUA têm US$ 86 bilhoes e os da Grã-Bretanha US$ 79,5 bilhoes, todos em alta.
Do total, US$ 207,9 bilhões são créditos externos e US$ 299,1 bilhões são créditos em moeda local. No caso dos financiamentos externos, houve alta de 46,1% no volume com prazo de pagamento de até um ano, totalizando US$ 102 bilhões. Os empréstimos de até dois anos ficaram estáveis em US$ 15,1 bilhões e os acima de dois anos de prazo subiram 25,5%, para US$ 56 bilhões.
Os créditos para bancos aumentaram 30,8% no ano passado, para o setor público cresceram 60,2% e para o setor não bancário, 20,5%. O BIS mostra também que residentes brasileiros têm cerca de US$ 54 bilhões depositados nos bancos estrangeiros que fornecem dados para a instituição sediada na Basileia.
Com relação à exposição de bancos brasileiros no exterior, houve alta de 34% nos mercados desenvolvidos, alcançando agora US$ 45,4 bilhões. Nos centros “offshore”, a alta em um ano foi de 77,2%, somando US$ 17,9 bilhoes. Na América Latina, a atividade dos bancos brasileiros cresceu 68,6%, totalizando US$ 14,5 bilhões em dezembro.