Vanessa Adachi e Carolina Mandl
Valor Econômico | São Paulo
A venda da financeira Losango, que pertence ao HSBC, está emperrada e com grandes chances de não acontecer. O jornal Valor Econômico ouviu de duas pessoas que acompanham o processo que são pequenas as chances de a venda sair, embora não tenha sido completamente descartada ainda.
A razão, como na maioria das aquisições que fracassam, é uma falta de acordo em relação ao preço do negócio. Segundo um executivo que avaliou a Losango, o HSBC estaria pedindo valor alto demais porque pagou um preço também salgado oito anos atrás quando adquiriu a financeira das mãos do Lloyds Bank.
O desembolso foi de US$ 815 milhões. Segundo o raciocínio do executivo, se vender por um valor inferior ao pago, o HSBC terá que registrar uma perda e esse seria um efeito indesejado.
Outro executivo diz que o problema de fato é preço e explica que não se está conseguindo chegar a um contrato que contente os compradores em relação à cobertura de perdas decorrentes de operações de crédito feitas ainda na gestão HSBC. “Está difícil”, disse.
Consultada, a assessoria de imprensa do HSBC disse que “a Losango não está a venda. Faz parte da estratégia do banco de pessoa jurídica de relacionamento com lojistas e grandes varejistas.”
Os principais bancos de varejo do país analisaram o negócio, entre eles, Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil. Roberto Setubal, do Itaú, já afirmou que não está olhando o negócio. Na semana passada, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, disse que não havia nada firme, mas não descartou.
Em outubro de 2003, a compra da Losango foi saudada como um grande passo do banco inglês para expandir suas operações no país. Afinal, era uma aquisição de peso depois de seis anos da chegada do HSBC ao mercado brasileiro, com a compra do Bamerindus.
A transação foi fechada por Michael Geoghegan pouco antes de deixar a presidência da subsidiária brasileira. Depois da Losango, nunca mais o HSBC conseguiu fazer consolidações no mercado local, frustrando expectativas.
Oito anos depois, o que era um trunfo transformou-se em uma operação indesejada pelo banco. A Losango entrou na lista de uma série de ativos que o novo presidente mundial do HSBC, Stuart Gulliver – que substituiu o próprio Geoghegan no cargo – resolveu vender para ajustar o foco e melhorar os resultados.
Aqui no Brasil, o HSBC também desativou sua operação de financiamento de veículos. Quase toda a equipe foi contratada pelo PanAmericano.