Os trabalhadores jovens experimentam alta rotatividade nos postos de trabalho no país. É o que mostra o artigo “A Rotatividade dos Jovens no Mercado de Trabalho Formal Brasileiro”, dos pesquisadores Carlos Henrique Corseuil, Miguel Foguel, Gustavo Gonzaga e Eduardo Pontual Ribeiro, publicado no Boletim do Mercado de Trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os pesquisadores concluíram que os trabalhadores mais jovens perdem o emprego mais frequentemente do que os mais velhos.
Com informações até 2010, os especialistas encontraram uma taxa de separação (razão entre o número de trabalhadores que saem de seus postos de trabalho por demissão voluntária ou involuntária em relação ao estoque de trabalhadores) de 72,4% no mercado brasileiro. Ou seja, sete em cada dez trabalhadores, em média, desligam-se de seus postos de trabalho ao longo de um ano.
A taxa de separação dos trabalhadores mais velhos é um pouco mais que a metade, oscilando em torno de 41,3%, afirmaram os pesquisadores. Já para os mais jovens, as taxas de separação se concentram em um mínimo de 65%. Os analistas não mencionaram qual a faixa etária pesquisada adotada como critério nesse cálculo em sua classificação de trabalhadores mais jovens ou mais velhos.
Na análise dos especialistas, esses indicadores sinalizam mercado de trabalho mais “turbulento” para os jovens, em que empregos de períodos mais curtos, associados com taxas mais elevadas de separação, coexistem com a entrada rápida no emprego – e taxas de contratação mais elevadas, em média.
Na prática, a conclusão dos pesquisadores é que os trabalhadores jovens experimentam altas taxas de rotatividade no Brasil, devido tanto a taxas mais altas de contratação, como também de separação. “Se, por um lado, transitar entre muitos trabalhos diferentes pode melhorar o ‘casamento’ com as empresas, por outro, a entrada e a saída muito fácil tendem a diminuir a aquisição de experiência geral e específica de trabalho. Uma vez que o acúmulo deste tipo de capital humano é importante, a elevada rotatividade experimentada pelos jovens no Brasil é um fator que dificulta o aumento da sua (futura) produtividade e salários”, alertaram os especialistas.
Para os analistas, uma forma de lidar com o problema da elevada rotatividade no emprego é criar políticas que gerem incentivos para que trabalhadores e empregadores invistam na relação de trabalho. Uma possibilidade nesse sentido seria pensar em cursos de treinamento custeados pelo trabalhador e pelo empregador, de tal forma que ambas as partes tenham menor incentivo em romper a relação de trabalho, avaliaram os especialistas.