Cheio de recursos, Santander Brasil limita aumento da carteira de crédito

Valor Econômico
Carolina Mandl

Não vai ser ainda no curto prazo que os investidores verão o robusto capital do banco Santander se transformando em operações de crédito. Ontem, a instituição apresentou um crescimento de 17,6% da carteira no primeiro trimestre de 2011 ante igual período do ano passado, com R$ 164,6 bilhões. O número ficou abaixo da média do mercado, de 22,8%.

Cheio de recursos depois de uma oferta de ações que captou R$ 13,2 bilhões em 2009, o banco tem encontrado dificuldade para ampliar sua carteira de crédito. O banco tem um índice de Basileia de 22,7%, o que demonstra espaço no balanço para conceder novos empréstimos, já que o Banco Central exige um mínimo de 11%.

Ontem, em entrevista a jornalistas para a divulgação de resultados, Carlos Galán, vice-presidente de finanças do Santander, afirmou que o banco ainda deve levar até quatro anos para atingir o patamar que considera ideal para a Basileia, entre 16% e 17%.

“Vamos ter muito cuidado sempre. Dar crédito é muito fácil, mas não vamos abrir mão do critério de risco”, disse Marcial Portela, executivo espanhol que assumiu a presidência do banco no Brasil em fevereiro, mês em que o Santander completou em meio a alguns tropeços a integração tecnológica com o banco Real.

Recém-chegado, o executivo fez questão de comandar a apresentação dos resultados do Santander a analistas, investidores e jornalistas ontem. Pelos padrões de contabilidade internacional (IFRS), o banco teve um lucro líquido de R$ 2 bilhões, valor 17,5% maior na comparação com igual trimestre de 2010 e 8% superior àquele registrado de outubro a dezembro do ano passado.

Ontem, as ações do banco recuaram 4,52%, fechando cotadas a R$ 17,95 em um dia em que o Ibovespa perdeu 0,89%. Com isso, os papéis reverteram toda a alta que tiveram na quarta-feira, a maior da bolsa naquele dia.

Enquanto a carteira de crédito não atinge o patamar que o Santander considera ideal, o banco vai começar a reforçar outras áreas de negócios. “No Brasil, o relacionamento bancário está muito concentrado no crédito. Mas tem toda uma base de correntista, de serviços e seguros que podemos oferecer”, afirmou Portela.

Sem dar muitos detalhes, o presidente do Santander no Brasil disse que pretende firmar novas alianças comerciais, a exemplo daquela fechada recentemente com a Cosan para a oferta de cartões de crédito na rede de postos Esso. Segundo o executivo, esses planos serão mais detalhados até setembro.

A ampliação da base de correntistas receberá mais atenção. Cerca de 3 mil pessoas foram contratadas ao longo de um ano para a área comercial, o que acabou elevando as despesas administrativas e de pessoal em 11,5%. Novas agências também serão abertas, admitindo até novos formatos, de menores proporções para chegar mais perto de correntistas. A previsão é que neste ano sejam abertas cerca de 100 unidades, sendo que 30 já foram inauguradas.

Com o objetivo de acelerar o projeto comercial, com captura novos clientes, o banco disse que poderá sacrificar parte dos ganhos que poderia obter com a integração do Real. A previsão é que até o fim deste ano, esse processo gerasse sinergias de R$ 2,4 bilhões. “Vamos dar prioridade à parte comercial, por isso, pode ficar em R$ 2,2 bilhões”, disse Portela.

Em outra ponta, o presidente do Santander afirmou em teleconferência com analistas que uma nova plataforma voltada para o crédito a pequenas e médias empresas está em fase final de implementação, o que permitirá maior acesso a esse público. O crédito para esse tipo de companhia teve expansão de 27,7% na comparação com o primeiro trimestre de 2010 e de 2,6% ante os três meses encerrados em dezembro do ano passado.

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