Por João Pereira dos Santos Neto*
Já há alguns anos, os bancários e bancárias de todo país, em sua campanha nacional, cobram a responsabilidade social dos bancos. De um determinado tempo para cá, as instituições financeiras vêm dando ênfase em comerciais televisivos e documentos internos destinados ao (as) funcionário (as) sobre sua responsabilidade social.
O Bradesco, por exemplo, em seu comercial, afirma que é o que mais investe em responsabilidade socioambiental no Brasil, pois desenvolve projetos para ajudar na formação de crianças e jovens, na preservação ambiental, no estímulo aos microempreendedores e na inclusão bancária, dentre outros. Não temos nada contra as escolas mantidas pelo banco, nem ao Finasa Esporte, SOS Mata Atlântica, uso do papel reciclado, porém fazer "caridade" com dinheiro dos outros é muito fácil, pois os projetos na realidade, são mantidos com os recursos oriundos da compra de cartão de crédito, títulos de capitalização, contas bancárias abertas em bancos postais que, só de manutenção, o cliente paga todos os meses algo em torno de R$ 7,00, microcrédito com juros a quanto mesmo ao mês?
De acordo com o Dicionário Aurélio, responsabilidade – é a obrigação de reparar o mal que se causou a outros. E Social – que interessa a sociedade. Ou seja, responsabilidade social seria a obrigação de reparar o mal que causou a sociedade. Os projetos sociais desenvolvidos pelos bancos estão longe de resgatar a penúria social porque passa a grande maioria da clientela dos bancos.
Enfim, responsabilidade social passa não só pela realização de alguns projetos, mas principalmente pelo respeito maior que os bancos tem que ter com os cliente e usuários, passa pelo cumprimento da lei das filas em vigor em vários Estados e municípios do País, pela distribuição justa dos lucros auferidos pelos bancos ano a ano, pela redução no preço das tarifas bancárias, pelo cumprimento da "lei do conforto" , por mais segurança bancária, pelo fim do assédio moral, pelo respeito as pessoas portadoras de deficiência e pelo aumento do emprego no setor bancário (ampliando o horário de atendimento ao publico).
Só assim, quem sabe, os banqueiros poderiam alardear em seus caríssimos comerciais que têm responsabilidade social. Afinal, segundo os próprios donos dos bancos, a clientela é a verdadeira razão da existência do sistema financeiro. A sociedade, por sua vez, há que sair do silêncio e protestar junto com os bancários e bancárias nesta campanha nacional que está sendo desenvolvida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT), que tem como lema "Unidos Conquistamos Mais".
É necessário que os movimentos sociais de todas as correntes de pensamento unam-se em torno das propostas apresentadas pelo movimento sindical bancário para barrarmos a ganância e o lucro fácil dos banqueiros brasileiros e estrangeiros.
* João Pereira dos Santos Neto é funcionário do Bradesco, diretor do Sindicato do Piauí, secretário de Políticas Sociais da CUT-PI e diretor suplente da Fetec Nordeste. É graduando em Ciências Sociais pela UFPI.