Maior desafio do segundo turno será combater notícias falsas

“Essa foi uma eleição muito difícil, com muitas mentiras e notícias falsas. Especialmente no Whatts App. Muita desinformação. Bolsonaro não teria essa votação se ficasse claro que a democracia está em risco. Que os direitos das pessoas estão em risco. Que as empresas públicas estão em risco”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Passado o primeiro turno, agora o candidato do PT à presidência, Fernando Haddad, enfrenta o capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro (PSL), que representa a extrema-direita. A campanha de Bolsonaro usou, ao longo do primeiro turno,  como arma, uma avalanche de mentiras para desqualificar os adversários. Agora, no caminho do segundo turno, não deve ser diferente, o que preocupa o candidato derrotado à Câmara dos Deputados pelo PT, economista Márcio Pochmann.

“O método das eleições é do século passado. A candidatura do Bolsonaro prova. A Justiça eleitoral é do século passado. Ela não está apta para monitorar e coibir o que aconteceu de estranho no processo. O uso de internet para passar notícias falsas. Precisamos de uma reflexão profunda de que sociedade é essa. Precisamos rever as instituições que não dão mais conta dessa fase em que estamos”, argumento Pochmann.

Uma das maiores lutas dos democratas neste segundo turno será tentar reverter esse cenário de disseminação de mentiras via redes sociais.

O temor é de ruptura com a democracia, explica o economista. “Há um risco de quebra da democracia com uma vitória da extrema-direita que validaria o golpe de 2016.” Isso, com finalidade de aplicar uma agenda austera e de desconstrução do Estado de bem-estar social. “Sairíamos do neoliberalismo para um hiper neoliberalismo. A destruição do Estado está presente na candidatura do Bolsonaro. Agora, precisamos de uma agenda civilizatória e democrática contra a barbárie que se aproxima.”

Juvandia lembra que Bolsonaro tem forte ligação com o “mercado”, e que muitas vezes sua agenda econômica é eclipsada de seus eleitores, que se apoiam apenas nas mentiras para defender seu candidato. A chapa de Bolsonaro defende, entre outros, a retirada de direitos trabalhistas com a criação de uma nova carteira de trabalho com restrição de direitos, o fim do 13º salário, do abono de férias e impostos mais altos para mais pobres e menores para os mais ricos.

“Bolsonaro é ligado ao mercado financeiro. Caso vença, privatizações, agenda de retirada de direitos. Veja como ele votou como deputado federal. Congelamento de investimentos, reforma trabalhista. Não temos boas expectativas, mas o segundo turno é outra eleição. O momento de hoje é pensar no debate, para que o trabalhador não tenha que escolher entre direitos ou empregos. Trabalhador tem que ter os dois”, ressalta Juvandia.

Bolsonaro, como explica Juvandia, é o maior representante da elite política e, ao contrário do que vocifera, faz parte da máquina, é deputado há mais de 20 anos. “Nossa elite é muito egoísta. Combatem a política distributiva. Tem um alinhamento com interesses internacionais, uma subordinação. Eles estão sempre bem, mas incomoda a eles ver o filho do pobre andando de avião. Para eles, o povo é classe inferior.”

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