Dirigentes e delegados sindicais avaliam impacto das novas tecnologias
O programa de formação “Diálogos para Ação 2014”, promovido pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre em parceria com a Fetrafi-RS, debateu na manhã desta sexta-feira (22) “o Banco do Futuro em Perspectiva”, com exposição da diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ana Tércia Sanches. O evento, que reuniu dirigentes e delegados sindicais de todo o Rio Grande do Sul, foi realizado na Casa dos Bancários, no centro da capital gaúcha.
Ana Tércia é especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo (USP). Possui também graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e é mestre em Ciências Sociais pela mesma instituição.
Em sua apresentação, ela frisou a forma como as inovações tecnológicas interferem nas relações de trabalho dos bancários e no acesso ao banco pelos clientes. “Muitas tarefas que eram desempenhadas pelos bancários, hoje em dia são feitas pelos próprios clientes. No entanto, nenhuma tarifa bancária foi reduzida por conta disso. Os clientes acabam sendo expostos a riscos operacionais sem nenhuma contrapartida do banco.”
Discordando do argumento defendido pela Fenaban nas negociações, Ana Tércia afirmou que, cada vez mais, novas etapas de trabalho têm sido automatizadas. Em cinco anos, os canais tradicionais de atendimento serão reduzidos a um quarto de todo o atendimento feito pelos bancos. “A agência do futuro que está prevista é muito enxuta, não tem caixa. Os próprios bancos admitem que vão exterminar boa parte do emprego dos bancários apenas eliminando os caixas”, contou.
A dirigente sindical ainda citou alguns cargos que poderão ser extintos em breve ou já estão em extinção, como digitadores, compensadores, escriturários, tesoureiros e caixas, entre outros. A sua maior preocupação foi expressa ao questionar o que acontecerá com as pessoas que ocupam as funções em extinção. Que cargos e funções substituirão os que serão extintos? Em que proporção? Em que condições? Como bancários ou terceirizados?
Ao final do painel, ela ainda sugeriu algumas formas de minimizar os impactos sociais para clientes e bancários, tais como ampliar o diálogo com os representantes dos trabalhadores, ter um programa de prevenção das doenças ocupacionais que atinja as causas de adoecimento no trabalho, manter atendimento presencial com qualidade, além de reduzir valor das tarifas e juros.
A secretária-geral do Sindicato, Rachel Weber, defendeu que os colegas aprendam a se reinventar e sobre o desafio dos sindicatos neste momento. “Não podemos apenas ser contra a inovação tecnológica. Precisamos nos preparar para enfrentá-la e saber aproveitarmos as facilidades que ela nos proporciona. É um obstáculo que vamos ter que encarar. É um desafio, mas é preciso superá-lo para podermos enfrentar os banqueiros.”