Era pouco mais de meio-dia de quarta-feira, dia 8, quando a dona-de-casa Eliene Maria Conceição saía das Lojas Americanas, na rua Senador Pompeu, no Centro de Fortaleza. No momento em que estava guardando a carteira na bolsa, foi empurrada por um homem que veio de dentro da loja e correu em direção ao carro-forte da empresa Nordeste Segurança, que recolhia o dinheiro dos caixas.
“Fui parar na calçada. Só vi que eles abordaram os vigilantes e começou o tiroteio. Corri pra loja da frente. Depois de pegarem o malote, eles se espalharam. Foi um desespero”, contou, ainda aflita.
Um dos tiros acabou atingindo na boca o camelô Francisco Rogério Camilo Dias, 50, que foi levado ao Instituto José Frota (IJF). Ele foi submetido a uma cirurgia e seu estado de saúde é grave.
De acordo com o inspetor-chefe Isaías Pimentel, da Delegacia de Roubos e Furtos, um dos seguranças saía da loja carregando um malote com R$ 292 mil. Ele teria sido abordado por um dos bandidos, que apontou uma arma na cabeça dele. “O assaltante tomou o malote e a arma do segurança. E depois disso começou o tiroteio”.
Segundo testemunhas, foram pelo menos 10 tiros. Conforme o inspetor, os três assaltantes tentaram fugir em um táxi com o dinheiro. Mas eles foram seguidos por um dos seguranças do carro-forte, que conseguiu abordá-los. Como os bandidos tinham escondido as armas, o vigilante imobilizou os três até a polícia chegar e prendê-los. Ainda está sendo investigada a participação do motorista do táxi no crime.
O assalto ao carro-forte causou um enorme tumulto e deixou a população que circulava ontem pelo Centro em pânico. Muitos comerciantes fecharam as portas em pleno meio-dia. As ruas foram cercadas por dez viaturas do Batalhão de Choque da Polícia Militar. A rua Barão do Rio Branco chegou a ser interditada porque havia a suspeita de que um dos assaltantes tivesse entrado no Shopping Diogo.
Uma hora depois da tentativa de assalto, o estudante Wanderlei Queiroz, 20, ainda estava com as mãos tremendo. “Vim encontrar uma amiga. Estava chegando à loja quando começou os papocos. Tentei entrar em várias lojas, mas eles fecharam as portas rapidamente. O jeito foi me jogar em baixo dos carros. Foi apavorante”.
Um taxista que prefere não ser identificado contou que ficou no meio do fogo cruzado. “Tive que correr pra dentro do carro e me abaixar. Eles já saíram de revólver na mão. Do jeito que está essa violência, a gente sai de casa e não sabe se volta”. O ambulante que trabalha ao lado de Rogério Camilo Dias, que foi baleado, conta que foi um desespero. “Acabou sobrando pra ele, que não tinha nada a ver com a história”.
Ele prefere não dizer o nome, mas disse que, em oito anos trabalhando no local, nunca tinha passado por um momento tão assustador. “Tô morrendo de medo. Poderia ter sido comigo. Tudo que eu quero agora é ir embora daqui”.
E mais
Dois dos assaltantes envolvidos no caso já tinham passagem pela Polícia. José Alisson de Sousa Santos, 26, envolvido em outros três assaltos, e Daniel Matias de Vasconcelos, 29, fugitivo do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS). O outro preso é Leonardo de Paula Sousa, 29. Todo o dinheiro foi recuperado. Quatro armas foram apreendidas.
Há suspeitas de que o grupo responsável pelo assalto no Centro faria parte da mesma quadrilha que assaltou o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) da avenida Santos Dumont, semana passada. Mas, em depoimento, eles não confirmaram a ligação.