Márcio Monzane (de camisa branca) avaliou cenário internacional
O Seminário Internacional “Regulação do Sistema Financeiro” foi retomado na tarde desta sexta-feira, dia 30, no 3º Congresso da Contraf-CUT, realizado em Guarulhos (SP), com a palestra proferida pelo chefe mundial da UNI Finanças, Márcio Monzane. Ele destacou os efeitos da crise financeira para a sociedade, as ações políticas tomadas na Europa e em outras partes do mundo, as propostas apresentadas pelo movimento sindical para enfrentá-la e a posição dos bancos perante a crise.
Segundo Monzane, a crise financeira se converteu numa crise econômica e social. “É um modelo que empurra o trabalhador para uma situação de risco. Isso acontece atualmente na Europa. O que temos presenciado é que todos estão sendo empurrados para fora do emprego”, diz.
A mesa foi coordenada pelo secretário de Formação da Contraf-CUT, William Mendes, e pela diretora da Fetrafi-RS, Denise Corrêa. Também participaram Manuel Rodriguez (Manolo) e Francisco José García Utrilla (Pepe), dirigentes da Federación de Servicios Financeiros y Administrativos da Confederación Sindical de Comisiones Obreras (CCOO), da Espanha.
O seminário, que está sendo realizado no Hotel Slaviero Executive, possui 326 delegados inscritos de todo o país e conta com a participação de delegações estrangeiras de 27 países da América Latina, Europa e África.
‘Flexibisegurança’
Monzane também disse que o processo desta crise social foi iniciado com a privatização e terceirização. “No norte europeu foi criada a chamada ‘flexibisegurança’. Isso quer dizer que o trabalhador teve que se sujeitar ao modo de flexibilização para se manter no mercado formal, porém recebendo 30% menos”, acrescentou.
“Esse processo teve início na Dinamarca. A primeira reação foi o desejo de não mais ser representado pelos sindicatos. O resultado disso foi uma queda na taxa de sindicalização, a política de austeridade e o ataque às negociações coletivas e aos direitos dos trabalhadores”, disse.
Trabalho precário
Monzane apresentou um dado alarmante, de que 50% da população trabalhadora do mundo está em situação de trabalho precário. Além disso, falou sobre a necessidade de recuperar o sistema financeiro. “É mentira que todo crescimento é gerado pelo sistema financeiro. Para que haja consumo, a pessoa precisa se sentir bem”. Ele também apontou que 50% dos países da Europa crescerão apenas 1% e que 20% terão crescimento negativo.
“A política de austeridade está gerando mais crise, mais pessoas estão sendo cada vez mais excluídas”, afirmou Monzane, ao apontar o estudo da OIT que mostra que o setor bancário demitiu mais de 200 mil trabalhadores no mundo.
G20
O Comitê de Estabilidade Financeira do G20 criou uma lista das maiores instituições financeiras do mundo, para serem mais bem observadas, mas não foi explicado como isso deveria ser feito. “O movimento sindical é totalmente contrário. Entendemos que essa lista de bancos não é suficiente porque concentra bancos americanos e europeus, pois devem ser incluídos também os asiáticos e os brasileiros”, disse.
Greve na Espanha
O chefe da UNI Finanças sugeriu que o Congresso realize uma moção de apoio aos trabalhadores na Espanha. Segundo Márcio, a mobilização recebeu adesão massiva dos trabalhadores, inclusive daqueles que atuam na imprensa, o que gerou forte repercussão em todo o país.
“Foi a oitava greve geral feita na Espanha após a retomada da democracia. Para se ter uma ideia, os programas televisivos apresentados há mais de uma década foram interrompidos porque os jornalistas aderiram à greve. Muitos programas divulgaram inicialmente a posição dos trabalhadores e somente depois transmitiram a falta dos empresários”, citou.
O palestrante falou sobre o ataque aos direitos dos trabalhadores. Ele contou que, na Espanha, se uma empresa diminui os resultados por três meses, podem demitir em massa e não pagar os trabalhadores. “Isso acaba com qualquer tipo de negociação trabalhista”, criticou.