O balanço do 1º semestre de 2013 do Santander Brasil, que aponta um lucro gerencial de R$ 2,929 bilhões, comprova o que a Contraf-CUT, federações e sindicatos vêm denunciando desde o início do ano. Ao invés das demissões em massa praticadas em alguns dias em dezembro de 2012, quando cortou 975 postos de trabalho, o banco espanhol eliminou gradativamente centenas de empregos, totalizando 2.290 nos primeiros seis meses do ano.
Apenas no segundo trimestre, o banco extinguiu 1.782 vagas. Com isso, o quadro que em junho de 2012 era de 54.918 funcionários caiu em junho de 2013 para 51.702, uma redução descabida de 3.216 empregos. Além disso, a rede de atendimento encolheu com o fechamento de 12 agências, 19 PABs e 238 caixas eletrônicos.
Essa realidade levou o movimento sindical a realizar em 11 de abril um dia nacional de luta em protesto contra a falta de funcionários na rede de agências. No entanto, o banco seguiu demitindo e ainda entrou com ações judiciais contra várias entidades sindicais para tentar calar a voz dos trabalhadores.
“Esse modelo de gestão, baseado na redução de custos, através da rotatividade e do corte de empregos, piorou ainda mais as condições de trabalho e está na contramão da melhoria do atendimento aos clientes”, alerta o funcionário do banco e secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. Não é à toa que o banco liderou pelo quinto mês consecutivo, em junho, o ranking de reclamações do Banco Central.
“Cobramos o fim das demissões imotivadas, mais contratações e melhores condições de trabalho, como forma de colocar em prática a ideia do novo presidente do Santander, Jesus Zabalza, de fidelizar os clientes”, destaca o dirigente sindical.
Lucro
O lucro do primeiro semestre de R$ 2,929 bilhões representa uma queda de 9,8% em relação ao mesmo período de 2012 e de 7,2% no trimestre.
Todo esse lucro bilionário permite o atendimento das reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários 2013, cuja pauta foi entregue nesta terça-feira (30) para a Fenaban, em São Paulo. “Esse resultado é fruto do empenho e dedicação dos funcionários, que merecem respeito e valorização”, ressalta Ademir.
Mais uma vez, no entanto, o lucro foi fortemente impactado pelas despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD). Apesar de reduzidas em 5,4% em relação ao ano anterior, elas alcançaram R$ 7,366 bilhões.
Já o índice de inadimplência superior a 90 dias apresentou uma elevação de 0,3 ponto percentual (p.p.) em um ano, chegando a 5,2% em junho de 2013. Contudo, houve uma queda de 0,6 p.p no trimestre.
O retorno sobre o patrimônio líquido anualizado foi de 11,4%, com queda de 2 pontos percentuais em 12 meses.
Crédito
Segundo análise do Dieese, entre os fatores que contribuíram para a queda do lucro em termos anuais estão: a queda de 6,9% nas receitas das operações de crédito (-1,4% no trimestre) e a redução nas receitas de depósitos em 20,8% (nessa conta houve aumento no trimestre, de 7,9%, reflexo das recentes elevações na taxa Selic).
A carteira de crédito ampliada atingiu o patamar de R$ 266,7 bilhões, com crescimento de 9,0% em 12 meses e de 3,8% no trimestre. No segmento de pessoa física, o crescimento foi de 5,0% em um ano, enquanto o crédito para pessoa jurídica cresceu 8,6%, onde se destaca o crescimento de 10% no segmento de grandes empresas, enquanto o crédito para pequenas empresas, que apresentou expansão de 5,9% em um ano, teve queda de 1,5% no trimestre.
Destaca-se, em pessoa jurídica, também, uma elevação de 60,5% no crédito rural e o crescimento do crédito imobiliário em 14,5%. No segmento pessoa física, o aumento do crédito imobiliário foi maior, atingindo 30,6% em um ano.
Receitas de tarifas X despesas de pessoal
As receitas de prestação de serviços e tarifas subiram 12,7% em relação ao mesmo período de 2012, atingindo R$ 5,458 bilhões (alta de 2,2% no trimestre).
As despesas com pessoal, por sua vez, tiveram queda 3,5% em 12 meses (-1,0% no trimestre), somando R$ 3,488 bilhões, somando-se o pagamento da PLR.
Dessa forma, as receitas de prestação de serviços mais as tarifas foram suficientes para cobrir 156,5% do total de despesas de pessoal do banco.
Maior participação no lucro mundial
Apesar da queda nos lucros, o Brasil ainda representa 25% do resultado global do banco espanhol. Em nenhum outro país, o Santander obteve lucro maior, superando, inclusive, o ganho apresentado pela Europa Continental, que respondeu por 24% do lucro no trimestre (ambos tiveram queda de 1 p.p. nessa participação no período de abril a junho).
O lucro mundial da instituição totalizou 2,255 bilhões de euros em junho de 2013, o que significa 29% superior ao que foi apresentado no primeiro semestre de 2012, porém o resultado do trimestre (1,05 bilhão de euros) foi 12,8% inferior ao 1º trimestre de 2013. Ainda assim, esse ganho representa quase a totalidade do lucro do banco em 2012, que foi de 2,295 bilhões de euros.