Beneficiários protestam na porta da Cabesp por transparência e respeito

Banespianos criticam reajuste abusivo de 30,44% no Cabesp Família

A falta de transparência e o descaso da diretoria da Cabesp foram alguns dos motivos que levaram dezenas de beneficiários à frente da sede da entidade na manhã desta terça-feira (24), no centro de São Paulo. O objetivo do ato foi cobrar da direção da entidade explicações sobre o abusivo aumento de 30,44% no Plano Família, em vigor desde 1º de maio.

Até o momento, nenhuma satisfação com embasamento foi dada por parte da Caixa Beneficente, ainda que a Afubesp tenha cobrado a apresentação dos estudos que guiaram para o referido índice.

Desrespeito

Para Camilo Fernandes, presidente da associação, a conduta dos diretores eleitos mostra “total falta de respeito” com os beneficiários. “É um absurdo com o associado, que é a razão de ser da Cabesp”, ressaltou.

Wagner Cabanal, que já foi diretor administrativo da entidade e nunca se recusou a prestar atendimento aos beneficiários, lamentou a postura dos eleitos. “Se tivessem explicado o motivo do reajuste exorbitante, já teríamos passado para os associados. Mas nem isso”, disse. De acordo com ele, é necessário cobrar a revisão do índice o mais rápido possível.

A diretora financeira da Afubesp, Maria Rosani Gregorutti, também criticou o modo em que os diretores que deveriam representar os associados estão lidando com o tema. “A responsabilidade deles é olhar o bem-estar dos associados e não só os números, como fazem os banqueiros”, frisou. “Somos privilegiados em ter um plano onde podemos escolher quem defender nossos interesses. Mas estes que foram eleitos estão fazendo um desserviço”, completou a dirigente.

Rita Berlofa, vice-presidente da associação, garantiu que serão feitos quantos atos forem necessários para que uma solução seja encontrada. “A nós, trabalhadores, não nos resta outro caminho a não ser o da luta. Não vamos descansar. A Cabesp não é dos eleitos e nem de ninguém. Ela é nossa”, reforçou a também dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Embora bastante representativo, o número de participantes do protesto não reflete a grande quantidade de pessoas indignadas nas redes sociais e grupos de discussão na internet.

Desde que o reajuste foi anunciado no final de abril, os beneficiários da Caixa Beneficente começaram a se manifestar pela rede. Um abaixo-assinado pela revisão do índice de 30,44% foi organizado e obteve mais de 2 mil assinaturas. O grupo do Facebook “Mãos Dadas Pela Cabesp” conta com mais de mil interessados.

A funcionária da ativa e beneficiária da Cabesp, Luciane Fiorin, fez questão de deixar seu depoimento. Sua história se mescla com a de muitos associados: suas duas filhas (que têm mais de 24 anos) também fazem parte do Cabesp Família e, por não terem condições de arcar com as despesas do plano, recebem ajuda da mãe para pagar.

“Eles (eleitos) precisam entender que o que estamos querendo é transparência. Não estamos nem questionando o quanto pagamos, embora seja muito caro”, disse. “Ninguém aqui está pedindo demais, somente nosso direito”, afirmou diante dos colegas e do olhar curioso de alguns funcionários do prédio que olhavam pela janela.

Tentativas de diálogo não faltam: o microfone permaneceu aberto durante todo o ato para todos os participantes e, inclusive, caso algum diretor da Cabesp quisesse se manifestar e expor o outro lado da história – o que não aconteceu. Diante do silêncio que dura meses a fio, o ato não poderia terminar de outra forma: em vaias de repúdio vindas dos associados.

Recurso

Os manifestantes ficaram sabendo durante o ato por meio do departamento jurídico da associação que a Cabesp entrou com recurso na Justiça, ante pedido de liminar ajuizada pela associação e deferida no dia 9 de junho pela juíza Maria Rita Rebello Pinho Dias, da 30ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

A cautelar ordena que a Cabesp apresente os documentos que nortearam o aumento em prazo de 30 dias. Camilo Fernandes questionou a atitude da diretoria da entidade. “Quem não deve não teme”, pontuou.

Após o resultado do recurso, deve ser agendado outro ato, a fim de continuar a luta pela apresentação dos estudos.

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