A Caixa Econômica Federal se prepara para seguir desmonte semelhante ao Banco do Brasil e planeja medidas que são justificadas como aumento de eficiência para 2017, mas representam mais desemprego e menos estrutura da Caixa para atender justamente localidades que sempre estiveram marginalizadas. Nas palavras do presidente da Caixa, Gilberto Occhi, a redução de custos necessária passa pela redução de postos de trabalho e fechamento de agências que não dão lucro, aquelas consideradas deficitárias.
O banco público avalia fazer programa de aposentadoria incentivada ou de demissão voluntária que pode atingir cerca de 11 mil pessoas e pensa em fechar 100 agências cujos resultados financeiros não são atraentes. "A Caixa é um banco público cujo papel social é de extrema relevância, principalmente para a camada da população que vive nas periferias, onde o acesso aos serviços bancários é muito mais difícil", explica Jair Ferreira, presidente da Fenae.
Para o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Dionísio Reis, essa redução de gastos com pessoal traz de volta o PAA (programa de aposentadoria). “E já vem sendo feita, na prática, com o desrespeito a direitos dos empregados como é o caso do RH 184 que aumentou a subjetividade dos descomissionamentos e cortou os asseguramentos e incorporações dos valores da remuneração dos trabalhadores”, explicou.
“Além disso, a direção da Caixa vem avançando contra as funções operacionais das agências, extinguindo a função de caixa, o mesmo que foi tentado com tesoureiros e avaliadores, e só não avançou diante da resistência dos trabalhadores ao lado do Sindicato”, acrescentou Dionísio.
Os resultados a serem avaliados nas agências da Caixa vão muito além do volume de movimentações financeiras feitas nas unidades. É preciso mensurar o retorno social de cada agência, afinal, além dos serviços bancários os cidadãos buscam na Caixa o acesso a benefícios e direitos como FGTS, PIS e Bolsa-Família, além dos financiamentos habitacionais de baixa renda.
O exemplo das agências-barco
A Caixa é o único banco com agências-barco para atender os ribeirinhos no Amazonas e no Pará. São milhares de pessoas antes sem acesso a serviços bancários e benefícios sociais em seus municípios. A Caixa foi a primeira a oferecer esse serviço, em 2010, e hoje dispõe de três unidades navegando pelas águas da Região Norte, uma operação cujo custo, certamente, não é coberto pelo volume financeiro movimentado por seus clientes.
"Um banco privado já teve agência-barco, mas fechou. Se a Caixa se pautar exclusivamente pelo critério do custo, quem vai pagar a conta dessa redução de custos são os empregados e, principalmente, a população", conclui Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Fenae.
“A luta foi grande na Campanha Nacional Unificada 2016, conquistamos a negociação em grupos de trabalho (GTs) que começam no dia 24 sobre o descomissionamento arbitrário e dia 25 sobre o caixa minuto. Vamos continuar com força e resistência acompanhando qualquer alteração que venha a ser proposta pelo banco”, completou Dionísio.