Ambereen Choudhury e Nicholas Comfort
Bloomberg
O Deutsche Bank estuda a possibilidade de reduzir os bônus de 2012 dos dirigentes da divisão de banco de investimento na Europa em até 20%, disseram fontes a par do assunto. Seus colegas de Nova York, ao mesmo tempo, sofrerão cortes menores. As reduções poderão variar entre 10% e 20%, em média, considerando Europa, Oriente Médio e África, enquanto os bônus pagos em áreas de melhor desempenho ou nas quais a concorrência por pessoal é mais acirrada cairão menos. Os planos seriam preliminares e passíveis de alterações.
O Deutsche, com sede em Frankfurt, está cortando salários e reformulando a remuneração de altos executivos para elevar a lucratividade, num momento em que reguladores exigem que os vencimentos sejam mais vinculados a desempenho. O codiretor-presidente do Deutsche, Anshu Jain, disse ver risco de o banco perder funcionários talentosos caso a concorrência não siga o modelo.
“Os lucros do banco caíram no ano passado, portanto faz sentido que os bônus caiam”, disse o analista Philipp Hässler, da Equinet.
O banco concluirá a fixação dos níveis de bônus e transmitirá a decisão já neste mês. O Deutsche poderá, além disso, limitar a parcela imediata paga em dinheiro para 2012, como no ano anterior.
Os bancos americanos também estão diante da perspectiva de reduções salariais ou de fechamentos de postos de trabalho, em vista do declínio do crescimento da receita. O J.P. Morgan Chase, o maior americano em termos de ativos, deve enxugar o volume total de bônus a distribuir para a divisão corporativa e de banco de investimento em até 2%, disseram executivos com conhecimento do processo. O Citigroup pretende diminuir os bônus em até 10%.
Em outubro o Deutsche Bank nomeou uma comissão especial formada por executivos empresariais e por um ex-ministro da Fazenda da Alemanha para analisar seu sistema salarial e fazer recomendações que afetarão as práticas de remuneração referentes a 2012. O banco disse em 11 de setembro que aumentaria de três para cinco anos o período de carência para o exercício dos bônus destinados aos cerca de 150 altos executivos, e que faria um pagamento único após a conclusão do período de diferimento, em vez de pagamentos escalonados.
O Deutsche Bank pretende reduzir os custos em 4,5 bilhões de euros anuais até 2015 e diminuir suas despesas, como parcela da receita, para menos de 65% até 2015, em relação aos 78% de 2011, segundo informações enviadas à autoridade reguladora. Isso contribuirá para aumentar o retorno sobre o patrimônio para mais de 12% até 2015, em relação aos 8% de 2011. A crise europeia da dívida soberana reduziu a demanda por parte dos clientes do Deutsche Bank, ao mesmo tempo em que os lucros também podem ser pressionados pelas normas de capitalização conhecidas como Basileia 3.
O banco afirmou no mês passado que seu lucro do quarto trimestre será “significativamente” reduzido, num momento em que se desfaz de ativos de maior risco na tentativa de atender às exigências de capitalização e se defronta com custos de reorganização para fazer frente à queda dos negócios.
Os pagamentos de bônus do Deutsche Bank como percentual da receita líquida caíram para 11% em 2011, em relação aos 22% de 2006. A instituição diminuiu a quantia total destinada aos bônus em 17% em 2011 e retardou o pagamento de cerca de 61%. Em setembro, Jain fez um apelo para que outras instituições sigam os planos do Deutsche. “Demos um passo maior que a maioria concorrentes”, disse. “Existe risco de nossa concorrência não fazer o mesmo? Só se outras empresas estiverem dispostas a aceitar baixos retornos sobre o patrimônio com a conservação das práticas salariais.”
O Barclays também vai reduzir os vencimentos dos dirigentes dos bancos de investimentos em até 20% para reduzir seus custos, segundo reportagem da Reuters.