Valor Online
Janes Rocha
A Bradesco Seguros encerrou 2009 com um crescimento de 13,75% no faturamento em prêmios de seguros, capitalização e previdência complementar em 2009, com um total de R$ 26,333 bilhões. O lucro líquido, de R$ 2,723 bilhões, foi mais de 27% superior ao registrado em 2008, segundo balanço divulgado ontem pelo grupo.
O lucro do braço segurador representou 36% dos resultados do conglomerado Bradesco no ano e 38% no último trimestre, em linha com o desempenho de 2008.
Apesar do forte avanço da concorrência dos outros dois grandes grupos seguradores brasileiros, o Itaú Unibanco e o Banco do Brasil, e a perda de participação no ramo de automóveis, a Bradesco Seguros, Vida e Previdência manteve o primeiro lugar no ranking do setor, com 23,73% de participação no mercado doméstico e 50% dos lucros entre as seguradoras ligadas a bancos. A Bradesco se beneficiou com o crescimento de 12% do mercado doméstico de seguros.
A área de vida e previdência foi a que mais ajudou, tanto para o faturamento quanto para o lucro da Bradesco, com mais da metade ou R$ 14,8 bilhões em prêmios e contribuições. A intenção é avançar ainda mais nessa área, com a entrada para o microsseguro, um novo ramo que aguarda aprovação de um projeto de lei no Congresso.
Pelo projeto, será criada uma modalidade de seguros com tratamento fiscal diferenciado, que permitirá a redução dos valores dos custos de distribuição, de indenização e prêmios, tornando o seguro mais acessível. ” Estamos nos preparando para lançar produtos para esse público da classe C ” , garantiu Samuel Monteiro dos Santos Jr., vice-presidente executivo do grupo Bradesco Seguros ontem.
Segundo ele, pesquisas realizadas pelo grupo identificaram que há uma demanda por seguros de vida entre os novos titulares de contas correntes simplificadas abertas pelo banco. Só com o Banco Postal, disse Samuel, o Bradesco abriu cinco milhões de contas correntes, a maioria entre pessoas de renda mais baixa, nas regiões mais pobres do país.
Três fatores influenciaram negativamente os números de 2009, não apenas para a Bradesco, mas para todas as seguradoras: a crise internacional, a gripe suína e os desastres climáticos. A crise internacional levou o grupo a reduzir drasticamente seu volume de negócios com grandes riscos, alocada na carteira de ramos elementares (RE). Dos R$ 3,139 bilhões registrados em prêmios de ramos elementares, a maior parte ficou em automóveis e seguros residenciais.
Santos Jr. informou que a retração se deveu à deterioração das contas das resseguradoras internacionais que normalmente tomam com as seguradoras a maior parte dos seguros de grandes riscos empresariais em todo mundo (parques industriais, máquinas, equipamentos, transportes, obras de infraestrutura). ” Não queríamos correr risco de imagem junto aos nossos clientes de grandes riscos, que poderiam ser afetados pela piora do risco de crédito das resseguradoras internacionais ” , explicou o executivo.
Entre os grandes sinistros de 2009, a gripe suína afetou negativamente a carteira de seguro saúde da Bradesco. Devido ao expressivo volume de atendimento médico gerado pela gripe, a Bradesco se viu obrigada a fazer uma provisão extraordinária de R$ 45 milhões para suportar as perdas inesperadas. Ainda assim, a área de saúde do grupo – composta em quase 95% de planos empresariais — registrou um lucro líquido de R$ 462 milhões, pouco acima dos R$ 460 milhões de 2008. O faturamento em prêmios foi de mais de R$ 6 bilhões, representando o segundo mais importante negócio do grupo.
Os efeitos das chuvas em São Paulo também impactaram os resultados da Bradesco em 2009. Segundo Santos Jr., o grupo fez uma provisão extra de R$ 40 milhões em novembro, já prevendo os danos causados aos segurados pelo volume excepcional de chuvas em São Paulo. ” Sabíamos que haveria efeito do fenômeno ´El Niño´ que provocaria um volume de chuvas fora do normal. O que não prevíamos é que ia durar tanto tempo”.