Dados do CIAB-Febraban também foram mostrados
Os resultados da Consulta Nacional dos Bancários e um resumo dos debates do Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (Ciab Febraban), realizada em junho desta ano, foram mostrados no segundo dia da 17ª Conferência Nacional dos Bancários, na manhã deste sábado (1), no Hotel Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo.
O resultado da Consulta Nacional dos Bancários 2015 aponta as principais reivindicações dos trabalhadores. Com mais de 48 mil participantes, o número de bancários que responderam a pesquisa aumentou 36% em comparação a 2014. Eles representam 57 sindicatos de todo o País. Destes, 68% são sindicalizados, sendo 46% mulheres e 54% homens. A grande maioria, 64%, tem entre 21 e 40 anos e os brancos representam 72%, contra 4% de negros que participaram.
As reivindicações apontadas como prioritárias na questão de remuneração foram: aumento real (40%) e PLR maior (57%). Já sobre emprego, os bancários querem mais contratações e o fim das demissões, além da rejeição às terceirizações. Índices de reajuste entre 10,0% e 15% foram aprovados por 55%.
O combate ao assédio moral e as metas abusivas são os principais problemas relacionados à saúde dos trabalhadores. Os bancários consideram este tema como um dos mais importantes, já que quase nove mil afirmaram ter se afastado por motivo de doença nos últimos 12 meses e 9.678 declararam ter feito uso de medicamento controlado no mesmo período.
Sobre segurança, os bancários reivindicam adicional de risco de 30% nas agências, postos e tesouraria, além de monitoramento por câmeras em tempo real. E somente 5% disseram que não participam de mobilizações da campanha nacional.
Questões políticas também fizeram parte do questionário: 73% consideraram importante a regulamentação do sistema financeiro, 66% se mostraram a favor da realização de uma greve geral contra a terceirização e 70% apoiam a democratização da mídia. Além disso, 74% são a favor da reforma política.
CIAB FEBRABAN 2015
Ao contrário da consulta Nacional, os dados do Ciab preocupam a categoria. Um dos destaques foi o saldo de emprego dos bancos. De janeiro de 2012 a maio de 2015, o setor bancário fechou 22 mil e 363 postos de trabalho, o que representa uma média de 545 empregos a menos, durante 41 meses. Dois pontos explicam a redução: terceirização via correspondentes bancários e meios digitais e automação de processos.
A análise fica ainda mais negativa para a categoria com as tendências apresentadas no evento dos banqueiros. A representatividade das agências nas operações caiu pela metade entre 2010 e 2014. Hoje, apenas 7% das transações são realizadas nas agências. O volume de transações também diminuiu em agências, caixas eletrônicos e contact Center. Em 2010, eram 46%, contra 31% em 2014. Já em internet e mobile bank subiu de 35%, em 2010, para 50%, em 2014.
Segundo os banqueiros, o processo está apenas no começo. Eles acreditam que a penetração bancária pela internet – que já atinge 55% e, pelo smartphone,é de 41%, no momento -, alcançará em dez anos os números de países desenvolvidos – entre 80 e 85% pela internet e 75 e 80% pelo smartphone.
O número de agências cresce abaixo da demanda por serviços bancários. Se, em 2010, eram 30 agências para cada 100 mil adultos bancarizados, em 2014 são 28. A Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária aponta para um novo modelo de agência. “As quedas consecutivas do número de transações poderiam apontar uma tendência de extinção das agências no longo prazo. Porém, nota-se que a maioria dos clientes ainda preza por um ponto de relacionamento para operações mais complexas, tais como investimentos de alto volume e contratação de crédito. Isso gera uma mudança no perfil do tipo de relacionamento oferecido, que deve ser focado cada vez menos em transações e ganhar um caráter cada vez mais consultivo.”
O texto diz ainda que, ao mesmo tempo, a mudança requer o recrutamento de funcionários com perfil adequado a cada modelo de agência. Os bancos deverão desenvolver capacitações de venda e de conhecimento de produtos nas equipes de funcionários nas agências, adequando os modelos de carreira e treinamentos ao perfil de “funcionário digital”. “Em meio a essas mudanças, faz-se necessário padronizar e melhorar processos e ferramentas na agência para permitir a inteligência de venda. Por fim, é fundamental revisar o modelo de gestão de vendas, ajustando os planos de metas e recompensas levando em conta o papel de geração de receitas.”
Rodrigo Zevzikovas e Juliana Satie, da Rede Nacional de Comunicação dos Bancários