Valor Econômico
Vera Saavedra Durão
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, planeja em 2011 ampliar de 7,5% para 11% a participação no seu portfólio da área de investimentos estruturados. As aplicações envolvem participações acionárias diretas em empresas, como Vale e Invepar, e via fundos de investimento em participação (FIPs). A maior participação se deve ao potencial de retorno dessas aplicações, disse Demosthenes Marques, diretor de investimento da Funcef, aoValor.
Em 2010, os recursos aplicados neste segmento apresentaram rentabilidade de 19,4%, a maior dentre os ativos da fundação no período, superando até mesmo o rendimento de 18,9% dos imóveis. Em 2011, adiantou Marques, a fundação dispõe de R$ 1 bilhão para investir e pretende priorizar a alocação dos recursos prioritariamente em “private equity”.
O plano é entrar em participação de empresas que estão sendo estruturadas na área do pré-sal, como a Set Brasil, que foi recém-criada pela Petrobras (que terá apenas 10% no negócio) e será administrada por um FIP com capital inicial na faixa de R$ 3 bilhões, restrito a cotistas investidores institucionais e da área financeira.
A Set terá como negócio principal o aluguel de sondas de perfuração de poços do pré-sal para a Petrobras. Inicialmente, os ativos da empresa serão sete sondas em construção no estaleiro do Atlântico Sul, que vão custar US$ 4,6 bilhões.
A Funcef continuará focando também em infraestrutura de logística, energia, portos e transporte. “Pretendemos entrar na construção do trem bala através da Invepar, empresa de transporte controlada pelos fundos Petros, Funcef, Previ e a empreiteira OAS. Outro negócio que a Funcef já deu partida é ser sócia minoritária da hidrelétrica de Belo Monte via Norte Energia S/A e avançar a presença no ramo imobiliário de 7% para 8%, incluindo aí negócios no Porto Maravilha do Rio, através cotas de um fundo imobiliário lastreado em imóveis”, informou Marques.
Os negócios da Funcex – para dar retorno garantido a seus atuais 111 mil participantes – passarão também pela prospecção de novas parcerias em empresas de médio porte com potencial forte de crescimento “nesse ciclo positivo de crescimento do país”, diz o executivo. Além deter 2% no capital do frigorífico JBS, a fundação quer participar via FIP convencional como cotista em outras empresas de alimentos que atendam principalmente as classes C e D e está “de olho” nas empresas de varejo de eletroeletrônico e em empresas de serviços.
Com um patrimônio líquido de R$ 43,7 bilhões alcançado em 2010 e ativos de investimentos totalizando R$ 42,5 bilhões, a Funcef também está tendo retorno com a reestruturação do setor de telefonia, ou seja, com a entrada da Portugal Telecom (PT), da qual os fundos são sócios, na Telemar Participações (Oi).
Mesmo sem aderir à operação de aumento de capital prevista na reestruturação, os fundos, entre os quais a Funcef, vão ganhar com o negócio pela venda de suas participações à PT e das participações que detinham na Contax, empresa de call center do grupo.
Outro bom investimento destacado por Marques, como fonte de ganhos de longo prazo para a Funcef, é a Invepar, dona do metrô do Rio e de concessões rodoviárias. A Invepar deve entrar na disputa pelo trem bala ou se associar depois com o ganhador.
“As concessões rodoviárias valorizaram a empresa e este ano, com a chegada de novos vagões chineses para o metrô, esperamos um aumento no fluxo de passageiros o que deve ampliar a receita da empresa em 2011.” Marques não descarta uma abertura de capital da Invepar para se capitalizar no mercado para entrar no empreendimento do trem bala.
Depois de fazer uma forte mudança no perfil da carteira de investimentos nos ultimos sete anos, quando reduziu de 50% para 9% as aplicações em títulos indexados à Selic, como os CDIs, a Funcef pretende ter portfólio de negócios mais diversificado com retorno melhor em “janelas longas”, como diz Marques.
Ele explicou que em 2004 a renda fixa respondia por 70% da carteira de investimentos da Funcef, sendo 50% dos papéis atrelados ao CDI. “Reduzimos os negócios com CDI para 9%. Hoje, a fundação tem 55% em renda fixa, das quais 45% atrelada à NTN, enquanto a renda variável e imóveis, que ocupavam meros 20% em 2004, pularam para 45% “.
Hoje, os investimentos de renda variável (ações de mercado) participam com 31% da carteira, 7,5% são investimentos estruturados, incluindo participações acionárias diretas em empresas e participações via FIPs e outros fundos de investimento, e 7% são ativos em imóveis. “A tendência da renda fixa é encolher para uns 48%, enquanto os fundos estruturados aumentam para 11% e imóveis para 8%. A carteira de ações pode crescer um ponto percentual este ano, atingindo 32% da nossa carteira”.