(Curitiba) Os índices de crescimento da economia brasileira, tão questionados durante os últimos três governos, nunca foram tão bem avaliados pelos experts no assunto. Economistas, administradores, investidores internacionais, governos de outros países e até a própria mídia tem reconhecido o esforço contumaz do Governo Federal no sentido de promover o tão alardeado “espetáculo do crescimento”.
Absolutamente nada abala as finanças do Brasil. Nem mesmo o chamado “apagão aéreo” (termo cunhado pela imprensa e setores da oposição), ou seja, a relativa crise dos aeroportos, por conta da paralisação dos controladores de vôo ou tampouco a crise moral e ética que vive o Congresso Nacional, com sucessivos escândalos de corrupção e quebra de decoro parlamentar tem abalado as finanças do país.
A dívida com o FMI está paga, o Brasil atingiu a auto-suficiência em petróleo, os juros estão caindo, o real está cada dia mais valorizado, a inflação está controlada, as bolsas não param de subir e o país está crescendo. Para muitos, este é o sinal de que o país está – depois de sucessivos governos e planos econômicos fracassados – no caminho certo.
De fato, o Governo Federal está conseguindo novos parâmetros para a economia brasileira. No entanto, enquanto Lula, aos poucos insere sua marca na história do Brasil, como o presidente que resgatou a dignidade do povo brasileiro, com o maior volume de investimentos na área social e a retomada do crescimento, infelizmente, a maior parte das instituições financeiras prefere tomar pra si os bons resultados.
O cenário favorável, com inflação baixa e maior poder de compra do real, deveria, em tese, impulsionar o surgimento de novos postos de trabalho, com o aumento da demanda na indústria, comércio e, principalmente, prestação de serviços. Nem sempre é o que ocorre. E se por um lado, as empresas “capitalizam” a aceleração da economia nacional, por outro, utilizam os bons índices para aumentar suas vendas. É o caso do banco Itaú, que divide com o Bradesco a hegemonia entre os bancos privados no país.
Segundo a Consultoria Economatica, no primeiro trimestre de 2007, o Itaú obteve a maior rentabilidade de um banco privado em pelo menos duas décadas. A performance poderia servir como “mola propulsora” do banco para facilitar o acesso de seus quase 10 milhões de clientes a vantagens como redução de juros, isenção de taxas, agilidade na liberação do crédito imobiliário, previdência privada não-predatória, entre outros benefícios. O banco também poderia rever seus conceitos no que diz respeito à política de relacionamento com seus trabalhadores, evitando a imposição de metas e garantindo novas conquistas para a categoria bancária. Seria sonhar alto?
Talvez.
Infelizmente, a sociedade e os trabalhadores do ramo financeiro são vistos pelo banco apenas como meros agentes a serem explorados na relação capital-trabalho. E para corroborar esta situação antagônica, o banco optou por uma estratégia de marketing que utiliza o bom momento da economia nacional para promover seus produtos. No mês de junho, o informe de rendimentos “Em Alta”, distribuído aos contribuintes dos Fundos de Pensão e correntistas que possuem carteira de ações, se apodera de tal forma dos resultados econômicos, que a “grosso modo”, soa até como uma afronta, pois durante muitos anos, os bancos e seus prepostos foram personagens importantes no jogo do poder, impedindo a presença de um trabalhador na presidência da República. Agora, de fato, é muito fácil fazer cortesia com o chapéu do outro. O difícil é corrigir as diferenças, repartindo igualitariamente o bônus da economia, já que o ônus, o banco já divide naturalmente entre seus clientes e trabalhadores.
O Itaú precisa cumprir a sua parte, compreendendo que quando a economia vai bem, todos merecem ganhar. É assim que funciona nos países onde as instituições financeiras têm, de fato, responsabilidade social. O banco Itaú precisa aceitar esses conceitos, socializando seus lucros, privilegiando os clientes e valorizando seus trabalhadores, responsáveis diretos pelos quase R$ 2 bilhões de lucro obtidos no primeiro trimestre de 2007. É fácil fazer cortesia com o chapéu alheio. Difícil é dividir o sorriso da dama.
Fonte: Edson Calixto Junior – Fetec PR