Mobilização não é só por salário, mas também por condições de trabalho
“Tenho colegas que entram para trabalhar as 8h da manhã e só conseguem sair às 9h da noite todos os dias. Tem muitas pessoas saindo do banco sendo demitidas ou pedindo demissão por não aguentarem mais. E, para piorar, não entra ninguém no lugar. Temos de trabalhar por três e até quatro pessoas.” O relato é de um bancário que acompanhava atentamente os discursos do ato na Praça do Patriarca que lançou a Campanha Nacional 2013, nesta terça-feira 30, no centro de São Paulo.
O funcionário figura entre os cerca de 9 mil trabalhadores que responderam à consulta do Sindicato para saber as prioridades deste ano e está inserido no percentual de 17,9% que responderam que usam medicamento controlado e nos 13,8% que precisaram se afastar do trabalho por motivo de doença.
“Fiquei afastado por alguns meses pelo INSS por conta de problemas psicológicos que contraí devido à rotina pesada de trabalho. E hoje ainda tenho de ingerir medicamento controlado, pois não consigo me recuperar totalmente”, desabafa o trabalhador.
Campanha na rua
É para mudar a realidade desse e de inúmeros trabalhadores da categoria em todo o país que o Sindicato levou às ruas do Centro o mote da Campanha 2013: #Vem pra luta vem!
A pauta de reivindicações foi entregue pelo Comando Nacional dos Bancários à federação dos bancos (Fenaban) também nessa terça e, segundo a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, as questões relativas à saúde e condições de trabalho são tão importantes quanto as reivindicações econômicas.
“Hoje os bancários de todos os bancos sofrem com a cobrança de metas. O sufoco é tão grande que há casos de bancários que sofrem enfarte devido à pressão diária que têm de enfrentar. Nessa campanha vamos insistir que os bancos mudem essa lógica já na negociação que teremos no dia 8, para discutir saúde e condições de trabalho. Os bancários exigem menos metas para terem mais saúde”, disse.
Nas ruas
Em caminhada iniciada em frente à sede da entidade, os bancários da base do Sindicato – São Paulo, Osasco e região – ao lado de representantes dos trabalhadores de vários municípios do estado e de sindicatos filiados à Fetec-CUT/SP (federação dos bancários do estado de São Paulo, filiada à CUT) percorreram as ruas 15 de Novembro, Alvares Penteado e Quitanda.
No trajeto, acompanhados pelo ritmo do samba, personagens com pernas de pau e performance de malabares, os dirigentes sindicais paravam para mandar o recado à população e aos trabalhadores da categoria, enquanto era distribuído informativo contendo as principais reivindicações da categoria em agências do Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, entre outros.
A secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas, lembrou de outra importante pauta da categoria e alertou sobre os riscos ao emprego caso o Projeto de Lei 4330 seja aprovado. “Esse PL praticamente pulveriza a Consolidação das Leis do Trabalho e abre as portas para a terceirização fraudulenta. Temos de resistir a esse ataque a nossos direitos.”
Para o presidente da Fetec-CUT, Luiz César de Freitas, o Alemão, a participação de vários sindicatos do interior do estado reforça a unidade dos bancários. “A mobilização conjunta é essencial para pressionar os bancos a atender nossas reivindicações, construídas por bancários de todo o país.”
A manifestação também contou com representantes da Apcef-SP, Contraf-CUT, Afubesp e do ex-presidente do Sindicato e deputado estadual (PT), Luiz Cláudio Marcolino.
Nesta quarta 31, a campanha será lançada em Osasco e em várias regiões da capital. E no dia 2, na região da Paulista.