Bancos da Espanha têm diferente exposição à crise, diz Valor Econômico

John Glover
Bloomberg

O Banco Santander está em melhor posição para resistir à deterioração da economia espanhola do que o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), concorrente de menor escala, segundo estrategistas do Royal Bank of Scotland Group PLC (RBS).

Maior banco da Espanha, o Santander tem condições de absorver as pressões cada vez maiores que a economia vêm sofrendo e a piora da qualidade dos ativos, uma vez que reduziu dívidas e mostrou que é capaz de levantar capital, de acordo com o RBS.

O BBVA vem precisando captar mais dinheiro no Banco Central Europeu (BCE) e detém mais que o triplo de bônus soberanos, em relação ao total de ativos, do que o Santander.

“BBVA e Santander buscaram duas estratégias muito diferentes”, afirmou o estrategista Alberto Gallo, do RBS, que trabalha em Londres. “O BBVA optou por aumentar a exposição às dívidas soberanas, não reduziu seu ativos espanhóis e depende três vezes mais [do que o Santander] do financiamento do BCE. O Santander é mais diversificado e está fazendo a coisa certa, vendendo ativos e se desalavancando.”

A economia espanhola contraiu-se 0,5% no primeiro trimestre, segundo divulgou ontem o Banco da Espanha, autoridade monetária do país, na esteira do colapso da onda de expansão imobiliária que corroeu a qualidade dos créditos, diminuiu o apetite dos bancos por emprestar e provocou, em parte, aumento no índice de desemprego para 24%.

Os créditos de difícil recuperação em relação ao total emprestado aumentaram para 8,16% em fevereiro, maior patamar desde 1994, de acordo com dados do banco central apresentados no dia 18 de abril. “Os bancos menores terão dificuldade para sobreviver e provavelmente precisarão de mais ajuda governamental”, disse Gallo. “Dos dois grandes bancos internacionais da Espanha, o BBVA tem maior risco do que o Santander.”

Paul Tobin, porta-voz do BBVA, em Madri, e Peter Greiff, porta-voz do Santander, não estavam disponíveis para comentar o assunto de imediato. Os títulos de dívidas dos dois bancos são negociados com juros similares e não refletem o maior risco das operações do BBVA, afirmou Gallo.

Os investidores deveriam vender seguros para os bônus do Santander no mercado de swaps de crédito ou comprar os papéis no mercado. E deveriam comprar proteção para os papéis do BBVA, disse o estrategista do RBS.

O prêmio dos swaps de crédito, contratos de derivativos para proteção contra calotes, do Santander bateram ontem em 421,5 pontos, segundo dados da Bloomberg. O dos papéis do BBVA alcançaram 434,5 pontos. Um ponto-base em um contrato de swap de crédito protegendo 10 milhões de euros em bônus de calote por cinco anos equivale a pagar 1 mil euros por ano. Os swaps de crédito pagam ao comprador o valor de face do título, caso o emissor não honre os termos da dívida.

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