Corte de juro faz efeito na China e estimula o crédito

Bloomberg
Kevin Hamlin e Luo Jun, de Pequim

O banco central da China poderá ficar menos agressivo nos cortes dos juros, devido à disparada dos empréstimos e ao fato de a economia chinesa, a terceira maior do mundo, estar dando sinais de que está perto do fundo do poço, a partir de onde começa a recuperação, disse o Deutsche Bank.

“As taxas de juros já não são tão importantes”, disse Ma Jun, economista-chefe para China do Deutsche em Hong Kong. “As taxas foram reduzidas para incentivar os empréstimos, de forma que, agora que o crescimento dos empréstimos superou as expectativas de todo mundo, a necessidade de novas reduções diminuiu”, afirmou.

O presidente do banco central, Zhou Xiaochuan, diz que o pacote de incentivo econômico de 4 trilhões de iuanes (US$ 585 bilhões) anunciado em novembro teve “resultados iniciais positivos” e um jornal oficial informou hoje que os empréstimos tiveram crescimento recorde em janeiro. O banco central está tentando reverter um declínio no crescimento econômico que já custou os empregos de 20 milhões de empregos

O banco central reduziu em 2,16 pontos percentuais a taxa básica para empréstimos de um ano em 2008, depois do colapso do Lehman Brothers, em setembro. A taxa atual é de 5,31% e não foi feita nenhuma redução este ano. Ma prevê um corte de 81 pontos-base este ano, principalmente para diminuir o risco de deflação.

Os bancos chineses podem ter oferecido o recorde de 1,2 trilhões de iuanes em novos empréstimos em janeiro, informou o China Securities Journal, citando fontes não-identificadas.

Os quatro maiores bancos estatais — China Construction Bank Corp. (CCB), Industrial & Commercial Bank of China (ICBC), Agricultural Bank of China e Bank of China – já alcançaram 20% de suas metas de empréstimos de todo o ano, segundo o jornal. A maior parte do dinheiro foi para ferrovias, rodovias, rede elétrica e infraestrutura, disse o jornal.

Os dados econômicos relativos a dezembro mostraram que “a política de incentivo obteve resultados iniciais positivos, mas devemos acompanhar de perto o desenvolvimento econômico futuro para avaliar a tendência geral”, disse Zhou, segundo o Financial News, jornal do banco central, de ontem.

A indústria de transformação da China encolheu em janeiro pelo quarto mês consecutivo, segundo o índice de gerentes de compras, divulgado hoje.

Ainda assim, o indicador subiu pelo segundo mês consecutivo, depois de registrar uma baixa recorde em novembro, “em mais um sinal positivo para o cenário de curto prazo da economia”, disse Ma.

“Temos vários indícios de que a economia está próxima do ponto mais baixo”, disse Tao Dong, economista-chefe para Ásia do Credit Suisse AG em Hong Kong. Ele citou os dois meses de recuperação do índice de gerentes de compras, a alta em novos pedidos deste mês, o crescimento dos empréstimos e relatos de alta em projetos de infraestrutura nas províncias.

“A economia global ainda está com um ataque cardíaco, de forma que é cedo demais para dizermos que chegamos ao ponto mais baixo”, que será seguido de recuperação, disse Isaac Meng, economista-sênior do BNP Paribas em Pequim. Um índice de emprego divulgado junto com o dos gerentes de compra caiu a uma baixa recorde, o que sinaliza que “esta ainda pode ser uma situação muito grave”, acrescentou ele.

No trimestre passado, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 6,8%, a menor expansão em sete anos. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento para a China neste ano, de 8,5% para 6,7%, num quadro em que a expansão econômica mundial provavelmente chegará a uma “paralisação virtual”.

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