Jacqueline Farid, da Agência Estado
RIO – A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse nesta quinta-feira, 11 que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preocupado com o aumento dos juros “cobrados na ponta” e determinou que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal façam uma revisão das taxas que estão cobrando. A ministra explicou que o objetivo do governo é fazer o possível para reduzir o custo de capital e aumentar o volume de crédito. A cobrança de Lula vem no dia seguinte ao da decisçao do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 13,75% ao ano.
“Me refiro ao spread”, disse ela ao ser indagada sobre a determinação presidencial aos bancos públicos. Segundo a ministra, “como não há aumento no custo de captação, não faz sentido uma cobrança de juros acima do que se fazia antes (da crise internacional).”
Spread é a diferença entre o juro cobrado nos empréstimos e as taxas pagas pelos bancos aos investidores. Esta diferença é o que determina o lucro dos bancos nas operações de crédito.
Dilma disse ainda que o governo quer uma explicação de quais são as razões técnicas “de spreads tão elevados”. Ela acrescentou que “o medo não é técnico e obter maior lucratividade em cima da retração brasileira não é correto.”
A ministra disse ainda que o presidente Lula pediu uma explicação ao BB e a CEF sobre os juros cobrados e “determinou uma política mais condizente com razões técnicas para os juros nos bancos públicos”.
Indagada se o objetivo do governo não é incoerente com a decisão tomada ontem pelo Copom de manutenção da taxa Selic, a ministra limitou-se a dizer que não comenta decisões de política monetária.
Investimentos
A ministra disse que o governo vai “manter os investimentos intactos” apesar da crise. Segundo ela, o governo brasileiro considera a crise muito grave e maior do que em 1929, mas ao contrário do que ocorria antes, “o estado não está quebrado”.
Citando as reservas brasileiras e o fato de que o País é hoje credor, a ministra garantiu que o governo tem capacidade de “agir diante da crise, com instrumentos de política fiscal e monetária, e terá condições de fazer frente às turbulências”.
Segundo ela, um dos principais objetivos do governo é ampliar o crédito. “As doenças se transmitem pelo sangue e pela saliva. Esta crise é pelo crédito”, afirmou ela em palestra em evento em Farmanguinhosa, unidade de produção e desenvolvimento de medicamentos da Fiocruz, que está comemorando 90 anos de criação do Serviço de Medicamentos Oficiais do Brasil.
Segundo a ministra “nós queremos ampliar o crédito, reduzir o custo de capital, aumentar a capacidade de investimento e vamos manter o PAC, assegurar o investimentos no pré-sal, e manter os programas sociais”.
A ministra disse ainda acreditar que o dólar deve se estabilizar entre R$ 2 e R$ 2,50, mas explicou depois em entrevista que o governo não trabalha com nenhuma meta cambial e o principal objetivo é que o câmbio fique estável.