Edição histórica registra principais lutas e conquistas em 2013
Sob o título “Dupla vitória”, os sindicatos de bancários de todo o país estão distribuindo nos locais de trabalho a nova edição da Revista dos Bancários, publicação já tradicional de fim de ano da Contraf-CUT. A revista destaca a conquista de aumento real de salário pelo 10º ano consecutivo na Campanha Nacional 2013 e o adiamento da votação do Projeto de Lei (PL) 4330 da terceirização na Câmara dos Deputados após intensa pressão dos trabalhadores com forte participação dos bancários de todo país.
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A publicação traz imagens da greve nacional de até 26 dias em todo país e mostra também como foi a organização da campanha e a construção da mídia nacional, sob o mote “Vem pra luta”, que impulsionou o engajamento dos bancários.
Campanha Nacional 2013
“Essa foi a campanha da ousadia, da mobilização e da unidade da categoria bancária, que mais uma vez conquista aumento real de salário e valorização do piso, contribuindo de forma decisiva para distribuir a renda no Brasil, que tem a sexta maior economia, mas ainda é um dos 12 países mais desiguais do planeta”, avalia o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. Segundo estudo do Dieese, essas conquistas injetaram mais de R$ 8,7 bilhões na economia brasileira até a próxima data-base da categoria.
“Mas essa campanha não teve apenas vitórias econômicas. Tivemos importantes avanços na questão da saúde e condições de trabalho, dos quais dois merecem destaque: a proibição de as empresas enviarem torpedos aos bancários e a criação do grupo de trabalho que vai discutir e identificar por que os bancários estão adoecendo tanto”, salienta Cordeiro, que também é coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
Com a grande mobilização, a categoria ainda forçou os bancos a recuarem da proposição inicial de compensar todos os dias de greve em 180 dias. Eles acabaram cedendo e aceitaram a compensação de no máximo uma hora extra por dia, de segunda a sexta-feira, a partir da assinatura da convenção (18 de outubro) até 15 de dezembro. “Também conquistamos a folga-assiduidade, assegurando um dia de descanso por ano para os bancários que ainda não usufruíam do abono-assiduidade já conquistado nos bancos públicos”, acrescenta Cordeiro.
O presidente da Contraf-CUT destaca ainda a conquista do vale-cultura, que pela primeira vez faz parte de uma convenção coletiva de trabalho no Brasil. “Isso permitirá que mais trabalhadores tenham acesso à literatura, ao cinema, ao teatro, aos espetáculos de música, valorizando a cultura em todo o país. A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”, enfatiza parodiando a música dos Titãs.
A exemplo de anos anteriores, a revista abre também espaço para as conquistas nas negociações específicas com os bancos públicos federais e estaduais. Os acordos aditivos arrancaram novamente importantes avanços, como mais contratações de funcionários no Banco do Brasil e no BNB. “Isso comprova a importância da manutenção da estratégia de campanha nacional unificada”, ressalta Cordeiro.
Adiamento do PL da terceirização
A revista também resgata o intenso processo de mobilização que barrou a votação do PL 4330, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), na Câmara. Foi uma das principais lutas da CUT e demais centrais sindicais em 2013, com forte atuação dos bancários, marcando a resistência da classe trabalhadora contra a nova ofensiva neoliberal dos empresários na tentativa de retirar direitos e precarizar o trabalho para turbinar os lucros dos patrões.
“Demonstramos que é possível enfrentar o empresariado, liderado pela Febraban, pois esse projeto de lei, se fosse aprovado, iria liberar a terceirização para todas as áreas das empresas, o que nos bancos significaria a substituição de caixas e gerentes por terceirizados, colocando em risco o futuro da categoria e de seus direitos conquistados ao longo de décadas com a força das mobilizações de gerações e gerações de bancários”, salienta Cordeiro.
Novos desafios
Ao final, a revista traz os principais desafios da categoria para 2014, como a reestruturação produtiva dos bancos, sobretudo a implantação dos meios de pagamento via celular. O destaque é a realização do seminário com os bancos que vai debater as mudanças tecnológicas e organizacionais, onde os bancários irão focar o impacto no emprego, na saúde, na segurança e na integridade físico-psíquica de trabalhadores e clientes.
Também é destaque a necessidade urgente das reformas política, tributária, do sistema financeiro e da regulamentação democrática das comunicações no Brasil.
Em relação à pauta da Igualdade de Oportunidades, será realizado no primeiro semestre de 2014 o 2º Censo da Diversidade, conquistado na Campanha de 2012. Quanto à segurança bancária, o foco é o acompanhamento do projeto-piloto, outra conquista das negociações na Campanha de 2012, que está sendo executado desde agosto deste ano em Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco.
“É uma revista que vale a pena ser lida e guardada para consultas, pois se trata de uma edição histórica, que registra a maior mobilização dos bancários nos últimos 20 anos no país”, conclui Cordeiro.