Só a ganância do banco explica falta de investimentos na segurança
O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro promoveu, na última sexta-feira (21), um protesto contra a precariedade das condições de segurança nas agências do Itaú. A situação foi agravada pela criação de unidades sem vigilantes, as chamadas agências de negócios, que põem em risco ainda maior a vida de bancários e clientes.
A manifestação foi em frente à agência de negócios da Nilo Peçanha, onde, segundo informações, no mesmo dia pela manhã aconteceu uma tentativa de assalto. Uma cliente foi abordada quando se preparava para retirar dinheiro do caixa eletrônico.
Um segurança do prédio viu a cena, bateu no vidro da agência, fazendo com que o suposto assaltante fugisse. Não fosse isso, certamente teria acontecido uma “saidinha de banco”, crime cuja ocorrência tem aumentado muito em função do descaso dos bancos com a segurança. Levantamento feito pela Contraf-CUT mostrou que, em 2013, morreram, em consequência de assaltos envolvendo bancos, 65 pessoas, grande parte em saidinhas.
Discriminação
As agências de negócios (existem três no Rio de Janeiro) não possuem, também, caixas humanos, restringindo as operações bancárias dos clientes e impedindo os não clientes de pagarem as contas, o que é ilegal, já que os bancos são concessões públicas e não podem promover discriminação no atendimento. Esse tipo de unidade foi concebido unicamente para reduzir custos, sendo constituída apenas por funcionários que fecham negócios.
O diretor do Sindicato, Adriano Rodrigues, criticou a debilidade destas unidades. Acrescentou que a família Setúbal, proprietária do Itaú, como os demais banqueiros, faz seguro para o seu próprio dinheiro e patrimônio, mas não se preocupa com os bancários e os clientes que não têm segurança nem seguro. A expectativa, segundo o sindicalista, é que aumentem ainda mais os ataques a banco, com a precariedade na segurança.
“Já houve crescimento de 42% destes casos, comparadas as ocorrências de 2012 com as de 2013. A tendência é de crescimento dos ataques a banco, já que o Itaú reduz ainda mais os investimentos em segurança, como constatamos no caso das agências de negócios”, argumentou Rodrigues.
Mesquinho
A vice-presidente do Sindicato, Adriana Nalesso, frisou que somente a ganância explica este desleixo com a vida humana. “O Itaú é uma instituição transnacional com mais de R$ 15 bilhões de lucro em 2013. Bate recordes de lucratividade todos os anos. Portanto, é inadmissível que não tenha a ética de garantir a integridade física de bancários e clientes”, afirmou.
Para a sindicalista, esse projeto de agência de negócios é mesquinho e desumano. “Será que é um custo muito elevado manter dois vigilantes por agência e caixas para atender a população?”, pergunta. Adriana adiantou que o Sindicato estuda acionar a Polícia Federal e o Ministério Público contra o banco por esse tipo de agência que desrespeita a lei.