Ato na Torre Santander cobra negociações sobre planos do Banesprev

Após protestos, banespianos estenderam faixas na entrada do prédio

Banespianos vindos de diversas partes do país mostraram que estão unidos em torno da defesa de seus direitos mesmo depois de quase 13 anos da privatização do Banespa. Sob o sol escaldante do meio-dia da última terça-feira, dia 30 de abril, mais de 300 pessoas se reuniram em frente à Torre Santander, na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo, para reivindicar abertura de negociações sobre os planos de benefícios do Banesprev que apresentam problemas, em especial os planos II, V e Pré-75 (Fundão).

A manifestação foi deliberada por unanimidade durante assembleia de prestação de contas do Banesprev, ocorrida no primeiro final de semana de abril.

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O presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, destacou o ingresso da ação coletiva do Plano II que pleiteia o aporte do serviço passado, mas reafirmou que as entidades estão abertas a negociar. O processo foi ajuizado pela Afubesp, Contraf-CUT, Fetec-CUT/SP e Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Negociações com seriedade

“Estarmos aqui unidos demonstra nossa força para pressionar o novo presidente do Santander, Jesús Zabalza, a negociar as demandas dos planos do Banesprev que estão com pendências para resolvê-las junto conosco”, explicou Camilo.

A recente alteração na condução do banco foi comentada pela diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa. “Na nossa avaliação, um dos motivos foram os resultados inferiores esperados pelos acionistas apresentados no último ano. Porém, apesar de terem sido inferiores, somente no primeiro trimestre o banco teve um lucro de R$ 1,5 bilhão, que seria muito maior se ele não provisionasse tanto para pagamento de crédito de negócios. E esse lucro é produzido por nós, trabalhadores.”

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Ela falou também sobre os inúmeros problemas sofridos pelos bancários e aproveitou para dar um recado ao novo presidente: “Seja bem-vindo, Jesús, e olhe os problemas dos trabalhadores da ativa e dos aposentados, porque todos contribuíram uma vida inteira para construir a grandeza desse banco”, disse a dirigente sindical.

“Queremos que a direção sente e negocie com seriedade porque aposentadoria diz respeito à sobrevivência. Temos capacidade de, em uma mesa de negociação, encontrar alternativas para resolver o déficit do Plano II, falta apenas vontade política”, completou Rita.

Serviço futuro do Plano II

Durante o ato, o diretor da Afubesp e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Paulo Salvador, comentou uma questão nova, apelidada pelos dirigentes sindicais de serviço futuro. “Segundo o IBGE, a longevidade aumentou, em média, sete anos. Com isso, os atuários têm falado que vamos chegar a viver mais de 100 anos, as mulheres um pouco mais, o que significa mais tempo de permanência usufruindo das complementações de aposentadoria. Ou seja, mais custo para o plano. Por isso é preciso fazer conta, ficar atento a essa questão no Plano II”.

Na oportunidade, o secretário-geral da Afubesp, Walter Oliveira, que é coordenador do Comitê Gestor do Plano II, relembrou aos presentes a denúncia apresentada à Previc sobre o serviço passado do Plano II e o processo de negociação com o Santander sobre o assunto. “Tentamos negociar, mas eles não conduziram as conversas com seriedade. Por isso, é importante continuarmos unidos para vencer essa batalha. Não há como resolver individualmente a questão do Plano II, é um plano mutualista, teremos que resolver como um todo”.

Representando o Plano V e a Comissão Nacional dos Aposentados do Banespa, Oliver Simioni, falou sobre a importância da luta pelos direitos e preservação de sua dignidade. “Nós carregamos o banco por 60 anos e continuamos na luta pelos nossos direitos, somos solidários ao pessoal do Plano II, que ficou no banco com essa pressão do Santander para se aposentar”, disse.

Assembleia de acionistas

Durante a manifestação, o diretor da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, contou a participação das entidades na assembleia de acionistas do Santander, ocorrida no dia 29 de abril. “Registramos por escrito o voto contrário às demonstrações financeiras do ano passado. Como podemos aprovar um lucro, onde o banco destinou R$ 268 milhões para pagar 46 diretores executivos?”, questionou o dirigente sindical.

“Falta dinheiro para o plano de carreira dos funcionários, falta dinheiro para o Plano II, para o Plano V, para as demais pendências que temos. Mas sobra dinheiro para pagar meia dúzia de diretores executivos e membros do Conselho Fiscal. Votamos contra, por escrito, porque não aceitamos essa injustiça com os aposentados e com os trabalhadores, que carregam o banco nas costas”, frisou Ademir.

O dirigente sindical criticou também o cancelamento das reuniões sobre call center, que seria realizada no último dia 18, e sobre a agência Select, que estava agendada para ocorrer logo após o ato, às 14h. “Ambas foram suspensas na véspera, mostrando um profundo desrespeito com a representação sindical e os próprios funcionários do banco”, destacou.

SantanderPrevi

Embora não esteja dentro do Banesprev, o ato também lembrou a falta de transparência no processo eleitoral no SantanderPrevi, fundo de pensão de boa parte dos funcionários que trabalham na Torre Santander.

“Atualmente, os membros dos colegiados eleitos pelos participantes são indicados pela patrocinadora para que sejam candidatos”, explicou Camilo, que faz parte do Grupo de Trabalho que discute o tema. “Estamos lutando no Grupo de Trabalho, que também está suspenso, para resolver esse problema dos funcionários oriundos do Banco Real”.

Participação e união

A diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Vera Marchioni, conclamou aos participantes da manifestação que se mantenham unidos e mobilizados por seus direitos. Ela também atentou para um ataque contra os trabalhadores na forma do Projeto de Lei nº 4330/2004, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que permite a terceirização de atividades-fins.

Já o diretor da Afubesp e suplente eleito do Conselho Deliberativo do Banesprev, José Reinaldo Martins, lembrou que o ato não pertencia a nenhuma entidade, mas sim aos participantes e assistidos do Banesprev, porque é resultado de deliberação de assembleia. “Esse banco só é movido à pressão e para fazer pressão precisamos de unidade, ou seja, todos juntos. Mesmo que tenhamos algumas divergências. É a partir da unidade que podemos crescer e fazer o movimento. Não podemos esmorecer porque a luta está apenas começando”, disse.

No mesmo sentido, o aposentado Guilherme Setembre, do Plano V, comentou, sentado em sua cadeira de rodas, a ausência de outras entidades representativas de banespianos na atividade e, posteriormente, falou sobre o descaso do Santander com os aposentados do Plano V na via negocial.

Além das entidades já citadas, participaram a Fetec-SP, Feeeb RJ/ES, Fetrafi-RS, Feeb SP/MS, sindicato dos bancários de Barretos, ABC, Araraquara e Baixada Santista, bem como colegas vindos de Campo Grande, São José dos Campos, Jacareí, Penápolis, Litoral Norte de São Paulo, Guarulhos, Osasco, Uberlândia, Juiz de Fora e Belo Horizonte.

Encontro Nacional em agosto

A principal deliberação da manifestação foi o agendamento de um Encontro Nacional de Participantes do Banesprev, a ser realizado em agosto, com objetivo de conversar sobre a situação dos planos, trocar ideias e definir os próximos passos.

Até lá, a Afubesp orienta os banespianos a se organizarem, procurarem seus sindicatos e entidades de representação em suas cidades para realizarem atos no interior paulista e em outros estados. Os diretores da Afubesp estão a disposição para participar de atividades e encontros regionais e esclarecer dúvidas dos colegas.

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