(São Paulo) Clientes pagam mais caro e continuam reclamando ao BC sobre mau atendimento A população brasileira pagou R$ 45,4 bilhões aos bancos e às suas subsidiárias em tarifas, taxas e serviços no ano passado. Até 1994, ninguém precisava pagar para ser cliente bancário. De lá pra cá, a receita de prestação de serviços dos 11 maiores bancos subiu 1.017%. Nem por isso o atendimento nas agências melhorou, até porque a contratação de bancários apesar de ter crescido no último ano, ainda está muito aquém do necessário.
Em 1994 havia 571 mil bancários no país, em 2006 eram apenas 425 mil. Vale ressaltar que essa redução acontece em pleno crescimento da base de clientes. De acordo com a própria Federação dos Bancos (Febraban), em reportagem publicada na Folha de S. Paulo desta segunda-feira (6), no ano passado existiam no país 102,6 milhões de contas-correntes, 61,07% mais que em 2005.
Em 1993, o bancário era responsável por 67 contas correntes, passou a administrar 241 em 2006. O resultado não poderia ser diferente: trabalhadores adoecendo em razão do excesso de trabalho, clientes insatisfeitos nas filas dos bancos e o mau atendimento ocupando o ranking de reclamações do Banco Central e dos órgãos de defesa do consumidor. Em 1994, a arrecadação com receita de prestação de serviços pagava cerca de 25,4% da folha de pagamento dos bancos. Atualmente ela paga toda folha e ainda sobram o equivalente a 30,6% de recursos.
“Os bancos não só têm condições, como têm obrigação moral e social de contratar mais funcionários. A ampliação dos postos de trabalho no setor é uma reivindicação permanente do Sindicato, porque reflete no dia-a-dia das agências bancárias tanto em melhores condições de trabalho, quanto na melhoria dos serviços prestados à população”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Quando da implementação da Lei das Filas, que limita o tempo máximo de espera para atendimento nas agências, o Sindicato apresentou sugestões por intermédio do vereador Rubens Calvo (PT) por meio de emenda à legislação. O Sindicato defende que os estabelecimentos bancários mantenham no mínimo cinco funcionários na função de caixa, além do acréscimo de um empregado na mesma atividade a cada 500 clientes ou contas-correntes e poupanças existentes e que a quantidade de caixas eletrônicos não supere o equivalente ao dobro do número de “caixas humanos”.
“Vamos encaminhar essas sugestões ao grupo criado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados que estuda a limitação do número e nomenclatura da tarifas bancárias. Não basta apenas limitar ou simplificá-las. Os clientes têm de ter um atendimento de qualidade”, disse Marcolino.
O dirigente lembra que os clientes pagam duplamente pelos serviços de auto-atendimento, uma por sua instalação e ampliação e a outra porque realizam eles mesmos o serviço. É como pagar 10% de taxa de serviço em um restaurante self-service. Só que aqui a conta é mais elevada. Os serviços prestados pelos bancos têm de melhorar constantemente, sejam os de auto-atendimento, via internet, ou nos caixas das agências bancárias.
Campanha Nacional dos Bancários
As receitas com prestação de serviços são compostas em sua maioria pelas tarifas bancárias. Também aumentam esse bolo, taxas como administração de fundos, de cartão de crédito, taxa de análise de crédito, só para ficar nas principais – serviços realizados pelos bancários, que por sinal são fortemente cobrados para que esses resultados sejam crescentes.
Neste ano os bancários querem começar a discutir a forma como a remuneração variável – que em alguns casos já é paga aos trabalhadores a partir da comissão de vendas de produtos financeiros – é praticada pelos bancos. Entre os itens da minuta de reivindicações a ser entregue à Fenaban, nos próximos dias, está a distribuição linear de 5% da receita com a prestação serviços a todos os funcionários do banco.
“Interferir no processo de remuneração variável é mais do que passar a regrar todas as verbais salariais, é intervir em um formato cruel de gestão dos bancos, que impõe metas abusivas que adoecem os bancários. É reforçar o caráter coletivo na participação dos lucros”, disse Luiz Cláudio Marcolino.
Fonte: Elisângela Cordeiro – Seeb SP