Associar-se ao poder público para garantir aos bancários que adoecem no trabalho o atendimento que lhe é negado pelos bancos. A secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo atua em parceria com prefeitura para que os bancários vítimas de doenças relacionadas ao trabalho sejam atendidos nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e tenham sua saúde e direitos preservados.
O atendimento e o intercâmbio de informações são possíveis graças a um Acordo de Cooperação Técnica assinado entre a Secretaria de Saúde do município e o Sindicato, que tem sido bem-sucedido já há alguns anos. Além dos acidentes de trabalho, do estresse causado após sequestros e assaltos, os bancários enfrentam diariamente a pressão abusiva para o cumprimento de metas, que muitas vezes desencadeia o assédio moral, e faz adoecer centenas de trabalhadores todos os anos.
“É uma iniciativa muito séria, vêm dando bons resultados e demonstra que a luta pela saúde dos bancários e de todos os trabalhadores não passa somente pelo trabalho desenvolvido exclusivamente pelos sindicatos, que é preciso utilizar todas as redes possíveis, estabelecer parcerias, ampliar, exigir de prefeitos, governadores, deputados e demais instâncias, o papel constitucional de garantia à saúde” afirma Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT,
Segundo Dionísio Reis, secretário de Saúde do sindicato de São Paulo, os bancos usam o Serviço Especializado de Engenharia em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e os convênios médicos para descaracterizar o adoecimento resultante das relações, condições, organização e gestão do trabalho e raramente emitem a CAT- Comunicação de Acidente no Trabalho, o que traz grandes prejuízos aos bancários.
“O atendimento é desvinculado do setor patronal nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, o que possibilita aos bancários que seja muito mais adequado e que haja notificação ao INSS sobre a falta de condições de trabalho nos bancos. Além disso, ao conseguir caracterizar sua doença como acidente do trabalho, os bancários têm doze meses de estabilidade no emprego, isso ameniza muito a pressão sobre aqueles que adoecem” afirma.
Outro resultado importante que ainda pode advir desta parceria é que, a partir do atendimento dos bancários no CRST's e das denúncias apresentadas, mais adiante serão feitos pedidos de inspeção nos ambientes de trabalho para a área de Vigilância em Saúde do trabalhador: “Técnicos fariam inspeção em agencias na cidade de São Paulo em questões relacionadas a risco psicossocial, entrevistas sobre metas, por exemplo, detectariam os riscos e fariam o pedido de ajustamento de conduta dos bancos”, afirma Dionísio.
Segundo o dirigente, os bancários de São Paulo participam ativamente do controle social da Saúde no município, com representantes nos conselhos gestores e sendo membro do Conselho Municipal de Saúde, possuem um representante no conselho gestor dos seis Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e participam da CISTT – Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador.
“Nossa participação é fundamental. Temos tentado mostrar que, assim como a Prefeitura tem que cuidar do trânsito, do transporte, das praças, das escolas, das crianças, por exemplo, ela tem que cuidar da saúde de seus munícipes na condição de trabalhadores. E tem apoio legal para fazer isso, atribuição conferida pela Constituição Federal, por leis federais, estaduais e municipais”, destaca.