Exame
Camila Pati
Pelas empresas do Brasil o assédio moral é uma prática recorrente e, pelo que demonstra pesquisa da Vagas.com, impune.
Levantamento realizado pela Vagas.com com 4,9 mil pessoas mostra que 52% já enfrentaram assédio moral ou sexual no trabalho. E 87,5% das vítimas decidiram não denunciar a conduta.
Medo de perder o emprego é a principal razão para “varrer” o assédio para debaixo do tapete: 39,4% alegaram que o receio evitou o ator de denunciar.
A possibilidade de sofrer represálias aparece em seguida, citada por 31,6%. O sentimento de vergonha também aparece como obstáculo para 11% vítimas que não denunciaram o assédio, assim como o medo de a culpa recair sobre o denunciante, apontado por 8,2% das vítimas.
O sentimento de culpa também é razão apontada por 3,9% dos entrevistados que já foram alvo de assédio no trabalho.
Dentro do grupo dos profissionais que não denunciaram as condutas abusivas, a maioria (56,3%) continuou trabalhando para a mesma empresa. Outros 20,9% foram demitidos e 22,8% pediram demissão depois do assédio.
Sensação é de impunidade
Quem decide denunciar enfrenta sensação de impunidade, segundo a pesquisa. É que 74,6% dos respondentes que denunciaram disseram que o agressor permaneceu na empresa.
Apenas 12,1% declararam que o agressor foi demitido após a denúncia, 11% não sabem o que aconteceu e 2% disseram que o denunciado acabou pedindo demissão.
Ainda no grupo dos denunciantes, 20% foram demitidos após a iniciativa de denunciar, 17,6% disseram que foram perseguidos. Só 8,6% levaram o caso à Justiça. Para 39,2% nada mudou após a denúncia.
Assédio moral mais frequente
Mulheres são as principais afetadas. Entre as vítimas, elas são 54,4% e eles, 45,6%. O assédio moral é bem mais frequente do que o assédio sexual.
Piadas, chacotas, agressões verbais ou gritos constantes lideram a incidência de casos. Segundo a pesquisa, 47,3% declararam já ter sofrido este tipo de agressão e mais da metade das vítimas são mulheres (51,9%).
Já comportamentos abusivos tais como cantadas, propostas sexuais ou olhares abusivos, que caracterizam assédio sexual, somam 9,7% das respostas. Novamente, mulheres são principal alvo: 79,9%, mostra a pesquisa.