O número de assaltos a agências de todo o país caiu 82% nos últimos dez anos, segundo a Febraban. A informação foi divulgada na segunda-feira, dia 28 de fevereiro, pela Agência Brasil. Para a Contraf-CUT, a sensação de medo e insegurança continua apavorando trabalhadores e clientes.
Conforme o diretor técnico da Febraban, Wilson Gutierrez, foram registrados 1.903 assaltos a agências em 2000 contra 337 casos no ano passado. Queda que, no seu entender, decorre basicamente da colaboração entre os diferentes agentes de segurança e das medidas de vigilância implantadas, que resultaram em gastos de R$ 9,4 bilhões pela rede bancária em 2010.
“Apesar da queda de assaltos nos números divulgados pela Febraban, seguimos preocupados com a violência nas agências e postos de atendimento, pois os investimentos dos bancos são insuficientes para melhorar a segurança dos estabelecimentos”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
Colaboração entre bancos e polícias
Para a Febraban, a redução dos assaltos se deve à colaboração estreita da comissão de segurança dos bancos com as polícias estaduais e, às vezes, com a Polícia Federal. Entre as medidas mais efetivas, Gutierrez disse que a Polícia Militar de São Paulo propôs, no ano passado, que policiais visitassem as agências para fazer palestras aos usuários e bancários sobre cuidados necessários para evitar a ação de assaltantes nas agências e para inibir os casos de “saidinha de banco”.
Ele disse que a proposta foi imediatamente encampada pela Febraban. Os policiais paulistas começaram a campanha-piloto em agências na região de Mogi das Cruzes, com palestras e distribuição de folders com recomendações de segurança.
A campanha foi levada para a região metropolitana de São Paulo, em dezembro do ano passado, com “excelentes resultados”, segundo Gutierrez. Tanto que a Febraban quer estender a ação a todo o Estado.
Segundo ele, esse tipo de colaboração mostra eficiência, ao contrário de propostas de projetos de lei que defendem a criação de biombos nos caixas para impedir a ação de “olheiros” e a proibição de uso de celulares, capacetes ou gorros dentro das agências. Como os vigilantes e os bancários não têm poder de polícia, ele diz que a sugestão é inócua.
O ideal, acrescentou o representante da Febraban, é a proibição de camelôs ou qualquer serviço que provoque aglomeração nas calçadas dos bancos, que facilitam a presença de “pessoas indesejáveis” nas proximidades. O cuidado maior, disse Gutierrez, deve ser tomado pelo usuário, que deve evitar grandes saques e contatos com terceiros, além de não mostrar que sacou dinheiro e, quando possível, se fazer acompanhar em caso de saque de valor alto.
Bancários cobram mais equipamentos de prevenção
“Concordamos que proibir o uso de celulares nos bancos não resolve, mas não é barrando camelôs e pessoas indesejáveis de ficar em frente às agências que se combate a ‘saidinha de banco’, mas sim ampliando os equipamentos de prevenção”, avalia o diretor da Contraf-CUT. “Os saques em dinheiro precisam ser feitos em condições adequadas e seguras, com total privacidade, evitando a observação de terceiros”, frisa Ademir.
“As ações de inteligência policial, a parceria entre bancos e polícias, e a criação de uma cultura de segurança nos trabalhadores e clientes são medidas positivas para evitar assaltos e melhorar a segurança, mas não acabam com a necessidade de ampliar os equipamentos de prevenção nos estabelecimentos”, destaca o diretor da Contraf-CUT.
No final do ano passado, a Contraf-CUT e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes (CNTV) lançaram um modelo de projeto de lei municipal contra a “saidinha de banco”. Conforme Ademir, as propostas visam reforçar a estrutura de segurança, como a instalação de portas giratórias antes do autoatendimento em todas as agências e postos, vidros blindados nas fachadas e câmeras de vídeo em todos os espaços de circulação de clientes, nas calçadas e nas áreas de estacionamento.
O dirigente da Contraf-CUT explica que também há medidas para garantir privacidade nas operações bancárias, através da instalação de divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos, e a colocação de biombos entre a fila de espera e os caixas.
“Está na hora de os bancos assumirem suas responsabilidades, passando a investir parte maior de seus lucros estrondosos em segurança, a fim de proteger a vida de trabalhadores e clientes”, reitera Ademir. “Nos dois primeiros meses de 2011, quatro pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos, uma média de dois mortos por mês, o que inaceitável”, conclui.