Alex Rodrigues
Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar que os bancos brasileiros devem aproveitar o atual cenário econômico para expandir sua presença no exterior. Ao participar, em São Paulo (SP), da assinatura do memorando que visa à criação de uma holding com participação do Banco do Brasil e do Bradesco e também do Banco Espírito Santo, de Portugal, Mantega destacou que a “solidez” das instituições brasileiras permite que elas mirem outros mercados, inclusive o norte-americano.
“Acho que os bancos brasileiros têm essa vocação [expansionista], pois estão entre os mais sólidos, tendo demonstrado competência e capacidade [após a recente crise financeira mundial] e, portanto, poderão se expandir até mesmo nos Estados Unidos”, disse o ministro.
Mantega ainda assegurou que a orientação do governo federal para que o Banco do Brasil intensifique seu processo de internacionalização também deve servir de estímulo às instituições privadas.
“Estamos interessados que tanto os bancos públicos quanto os privados tenham um raio de operação maior, dando suporte às operações das empresas brasileiras e aos muitos brasileiros que vivem no exterior”, declarou o ministro, lembrando que tanto o BB quanto o Bradesco e o Itaú já detêm escritórios em outros países.
Em abril deste ano, o Banco do Brasil não só comprou uma das maiores instituições financeiras da Argentina, o Banco Patagônia, como obteve do Federal Reserve (FED), o Banco Central norte-americano, o status de Financial Holding Company, o que lhe permite ampliar suas operações nos Estados Unidos. Já na ocasião, analistas de mercado interpretaram a compra do Patagônia como um primeiro passo para a internacionalização defendida pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta segunda-feira, dia 9, ao saudar a eventual parceria entre o Banco do Brasil, o Bradesco e o Banco Espírito Santo (segundo maior banco comercial privado de Portugal e já presente na África), Mantega declarou que a atenção agora voltada ao Continente Africano não deve se dar em detrimento da expansão do setor bancário por outros continentes, inclusive a América Latina.
“Os países africanos estão com forte expansão econômica e já há ali uma forte presença de empresas brasileiras. A África é o futuro, principalmente para nós que estamos próximos. E hoje vemos o mundo saindo de uma crise internacional com os países avançados ainda enfrentando dificuldades e nós, os países emergentes, saindo dela mais rapidamente e aproveitando as oportunidades que se apresentaram e ocupando os espaços que foram deixados por estes países avançados que continuaram em dificuldades”, disse Mantega.
O mesmo tom foi adotado pelo presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine. Ao evitar comentar as expectativas de retorno dos investimentos em países africanos, Bendine destacou a oportunidade de os grupos brasileiros expandirem sua atuação.
“Na verdade, o movimento [de investimento na África] é estratégico. Ainda não estamos voltados à questão da rentabilidade. Estamos apostando no futuro e na globalização. Com a consolidação do mercado interno nos últimos anos, os bancos brasileiros mostraram uma força que lhes permite alçar voos maiores e ter uma estratégia de maior crescimento”, afirmou o executivo.