Reuters
Leika Kihara
O presidente do Banco do Japão disse nesta terça-feira que os mercados financeiros ainda não foram convencidos sobre os esforços da Europa para lidar com sua dívida, enfatizando a necessidade de o novo governo do país asiático ganhar a confiança dos investidores de que pode controlar seus débitos.
O banco central informou nesta terça 15 que emprestará até 3 trilhões de ienes (33 bilhões de dólares) a bancos comerciais sob um novo programa de financiamento que visa direcionar dinheiro para indústrias com potencial de crescimento.
O BC pretende começar a emprestar a partir de abril e aceitará pedidos até março de 2012.
O banco também decidiu em sua reunião de política monetária desta terça-feira manter a taxa básica de juro do país em 0,1 por cento, por unanimidade, em linha com o esperado pelo mercado.
Os problemas fiscais na Europa e as crescentes preocupações dos mercados sobre os riscos para a dívida soberana levaram o novo primeiro-ministro, Naoto Kan, a fazer da administração da dívida, que atualmente é o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do país, sua prioridade.
“É muito importante (para o governo) assegurar a confiança dos mercados na disciplina fiscal. Reconhecemos que essa questão se tornou mais importante desde que os mercados financeiros europeus foram abatidos pelos problemas da Grécia”, disse o presidente do BC, Masaaki Shirakawa, em entrevista coletiva após a reunião.
As agências de rating ameaçaram cortar a avaliação da dívida do Japão, a menos que o país anunciasse um plano crível de redução. Mas, apesar da elevada quantia de dívida, não há preocupações sobre a habilidade do Japão de financiar seus déficits no curto prazo devido à ampla poupança doméstica.
O programa anunciado nesta terça-feira oferecerá empréstimos de um ano com juros de 0,1 por cento a bancos que financiarem projetos em indústrias com potencial de crescimento.
Analistas, no entanto, têm dúvidas sobre a efetividade do programa, já que o valor de 3 trilhões de ienes representa apenas 0,7 por cento do total de empréstimos bancários do Japão.