Bancários protestam em frente ao Banco Central e pressionam por proposta decente

Na manhã desta quarta-feira (5), quando a greve geral da categoria bancária completou 30 dias, bancários e bancárias do Distrito Federal protestaram em frente ao Banco Central (Bacen), para pressionar os bancos a apresentarem uma proposta decente na mesa de negociação. A 11ª rodada entre o Comando Nacional e a Fenaban ocorre neste mesmo dia, a partir das 17h, em São Paulo.

O protesto é uma das deliberações da plenária que o Sindicato promoveu na segunda (3) para debater instrumentos de intensificação da greve. 

Adilson de Souza, diretor da Fetec-CUT/CN e empregado da Caixa, fez uma retrospectiva dos dias de greve e das negociações com a Fenaban, que insiste em apresentar propostas rebaixadas. “Estamos em greve até agora por culpa dos banqueiros, que não querem negociar de verdade. Nossa luta é por reajuste salarial decente. A folha de pagamento dos bancos é quitada apenas com o que arrecadam com a cobrança de tarifas de seus clientes. Isso sem falar nos juros cada vez mais escorchantes.”

No primeiro semestre deste ano, os cinco maiores bancos lucraram cerca de R$ 30 bilhões (líquido). “Mesmo assim, os bancos se recusam a dar um reajuste para a categoria que ao menos repõe a inflação. Isso é uma vergonha”, reforçou Adilson.

Além de lutar por melhorias no salário, os bancários também destacaram no ato a necessidade de uma melhor reflexão sobre a política econômica adotada pelo governo atual. “O Bacen deveria representar o povo brasileiro. Mas, na verdade, defende o interesse do sistema financeiro, que acaba determinando as altas taxas. Essa política também contribui para o desvio de recursos que deveriam ser empregados para a saúde e educação”, analisou o diretor do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil Kleytton Morais.

Kleytton também falou das propostas de reformas que estão para serem votadas no Congresso, e destacou: “Não podemos endossar essas propostas que vêm surrupiando direitos e sonhos de uma nação para que meia-dúzia de famílias se abasteçam com a venda do sagrado patrimônio brasileiro tão duramente construído”.

Em seu discurso, a diretora da Fetec-CUT/CN e funcionária do Itaú Louraci Morais exigiu mais respeito da empresa para com seus funcionários. “O Itaú é um dos bancos que mais lucram neste país e, mesmo assim, é o que mais demite e é onde os funcionários mais adoecem.”

Outras lutas

“Não estamos em greve só por nossa categoria, mas por um melhor atendimento à população e para que os lucros dos bancos sejam minimamente divididos com a sociedade”, enfatizou o diretor do Sindicato Wandeir Severo, que é empregado da Caixa. 

Para Cristiano Severo, secretário-geral do Sindicato e funcionário do BRB, o sistema financeiro deveria ser responsável por uma política que criasse mais empregos e mais negócios que servissem à nação. “Já é senso comum que o sistema financeiro é o que mais sobrecarrega a nação. Mas o Bacen pode sim regular o sistema financeiro para alavancar a economia.”

A regulamentação do Sistema Financeiro Nacional (artigo 192 da Constituição) é uma das principais bandeiras de luta do movimento sindical.    

A greve

Segundo a Contraf-CUT até ontem a greve atingia 13.104 agências e 44 centros administrativos, ou seja, 55% do total de agências no Brasil. A última rodada de negociação ocorreu no dia 28, quando a Fenaban apresentou um reajuste de 7% e um abono de R$ 3,5 mil para este ano, e aumento real de 0,5% para 2017.

No Congresso

O ato também serviu para a concentração dos bancários antes de seguirem para o Congresso Nacional e se juntarEm às outras categorias que participavam do Dia Nacional de Luta Contra o Desmonte do Estado, organizado pela CUT.

Acampados no auditório Nereu Ramos, trabalhadores de várias categorias acompanhavam a votação do PL 4567, que entrega o pré-sal às multinacionais, e da PEC 241, que pretende congelar os gastos públicos em 20 anos.

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